Um Entre o silenciamento e a resistência:

racismo e microagressões na vida acadêmica de mulheres negras

Resumo

Este artigo analisa as experiências de mulheres negras no ambiente acadêmico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), investigando como o racismo acadêmico impacta sua permanência, reconhecimento intelectual e bem-estar psíquico. O estudo tem como objetivo compreender as dinâmicas de exclusão e deslegitimação enfrentadas por essas estudantes, evidenciando a persistência de práticas que dificultam sua inserção plena no ensino superior. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa e consiste em um estudo de caso baseado nas vivências de 25 mulheres negras, sendo 24 relatos coletados por meio de um questionário estruturado e um relato de experiência pessoal da autora. O questionário incluiu perguntas fechadas para mapear padrões estruturais e uma pergunta aberta para aprofundamento das experiências individuais. Os resultados indicam que a presença de mulheres negras na universidade é constantemente questionada, suas produções acadêmicas são frequentemente descredibilizadas e o impacto do racismo acadêmico se reflete na saúde mental e no sentimento de não pertencimento. Além disso, observa-se uma forte resistência institucional à valorização de epistemologias negras, reforçando a exclusão simbólica e material dessas estudantes. O estudo aponta para a necessidade de mudanças estruturais na universidade, incluindo a revisão de critérios acadêmicos, redistribuição de oportunidades e implementação de políticas que garantam não apenas o acesso, mas a permanência e valorização da produção intelectual negra.