Ensino de Língua Portuguesa para Migrantes na Pandemia
uma discussão necessária
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v7i2.2020Palavras-chave:
Ensino e pandemia, Ensino de português para migrantes, Migração e refúgio, Migração e vulnerabilidade social, Português como língua de acolhimento.Resumo
A pandemia causada pelo COVID-19 teve profundos impactos nas redes de ensino públicas e privadas do Brasil. A mudança das aulas para o formato de atividades não presenciais (ANPs) dividiu pais, alunos e professores. Quantos aos professores, muitos se opuseram às ANPs, por pensarem que esse formato poderia ser uma primeira iniciativa para a transformação dos cursos presenciais em educação a distância (EaD). Essa discussão é ainda mais delicada quando falamos de ensino de língua portuguesa para migrantes, sejam refugiados ou com visto humanitário. Esse grupo necessita ser integrado às comunidades em que vive, e para isso necessita do conhecimento do português. Assim, temos como objetivo, neste artigo, discutir a necessidade do ensino de português para migrantes, mesmo que em formato ANP, durante a pandemia. Em termos metodológicos, apresentamos um relato de experiência de ensino de língua portuguesa para migrantes em situação de vulnerabilidade social, durante esse período de quarentena, com ensino não presencial. A partir das experiências aqui descritas, defendemos a necessidade de atendimento dos grupos migrantes durante a pandemia. Se considerarmos que esses migrantes geralmente chegam ao Brasil sem muitos recursos financeiros e que o conhecimento da língua portuguesa acaba sendo um fator de inclusão social, pois facilita-lhes o acesso à saúde, ao trabalho e à educação no Brasil, a interrupção do ensino do português para esse grupo pode mantê-los, por mais tempo, em situação de vulnerabilidade.
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