Carne e dendê
um estudo sobre o animal nas religiões de matriz africana e sua relação com o vegetarianismo/veganismo no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.23899/2jawkj23Palavras-chave:
Religiões de matriz africana, animais, carne, sangue, sacralizaçãoResumo
Esta pesquisa aborda a importância da sacralização dos animais e do uso de carne/sangue animal em três espaços religiosos africanos no Brasil (um de Umbanda Traçada, um de Umbanda Sagrada e um de Candomblé da nação Ketu) localizados na cidade de São José do Rio Pardo, interior do estado de São Paulo. O estudo tem como objetivo investigar se existem alternativas de prática dessas religiões, abstendo-se do uso de animais e do consumo de carne em espaços religiosos, inventariando as possíveis adaptações e significados por trás do uso de carne e animais, para entender como a carne/ o sangue/sacralização pode ser substituído ou ter outros rituais adaptados para reunir fiéis que não comem carne ou que não aceitam sacrifício de animais. O objetivo foi encontrar diferenças e semelhanças, através de pesquisa etnográfica, entre linhagens e fundações no que diz respeito à sacralização dos animais, ao consumo de carne e à sua adaptação, mesmo tendo em conta as atuais controvérsias em torno do uso/exploração de animais e do consumo de carne, juntamente com o debate sobre as novas sensibilidades que cercam o animal.
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