O Dispositivo Intercessor (DI) e os desafios emergentes para a produção da práxis nos processos formativos dos trabalhadores da Assistência Social

Resumo

O texto aqui apresentado versa sobre a experiência de apropriação do Dispositivo Intercessor (DI) como estratégia de trabalho para a localização na Assistência Social (AS) como instituição, buscando produzir a práxis nos processos de formação operados com os trabalhadores, e como análise para produzir conhecimento sobre o saber-fazer gerado na práxis.  As experiências analisadas referem-se aos processos de Assessoria e Supervisão Técnica realizados com trabalhadores que atuavam em três Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e três Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de dois municípios do interior paulista. A Educação Permanente do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) se constitui como um campo de trabalho em que muitas empresas ofertam ações, tendo como seu público prioritário os trabalhadores. As ações desenvolvidas são constituídas por encomendas que carregam de modo implícito as demandas formadas por problemas vivenciados pelos sujeitos como efeitos das desigualdades sociais e da estratificação por Classe Social com intersecções de etnia/raça e gênero, fortalecidas pelos discursos colonizadores. Essas ações podem produzir nos trabalhadores efeitos éticos e políticos de objetificação do sujeito, fortalecendo as forças capitalistas instituídas para a manutenção das desigualdades sociais. O DI é uma estratégia de trabalho e de análise que se configura como possibilidade para qualquer trabalhador que almeja operar em instituições, produzindo outros efeitos singularizantes, a partir de certa implicação subjetiva com o trabalho e algumas noções conceituais-teóricas, éticas, políticas e socioculturais de um campo transdisciplinar mobilizado para o enfrentamento da complexidade existente no Trabalho Social, confrontando os agenciamentos Modo Capitalista de Produção (MCP) presentes nas práticas sociais dos trabalhadores. Em suma, o DI foi a estratégia, no âmbito da nossa Intercessão-Pesquisa, para se tentar subverter a lógica disciplinar como efeito do trabalho na população. As experiências problematizadas podem contribuir para que outros trabalhadores que objetivam a transformação social se inspirem para confrontar os processos instituídos na AS e em outras instituições de Políticas Públicas.