Diálogos entre a literatura e a história: insurgências de escravizados nos romances A ilha sob o mar e Um defeito de cor
DOI:
https://doi.org/10.23899/wtb0wf84Palavras-chave:
escravidão; memória; literatura; afrobrasileira; comparação, rebelião.Resumo
A literatura afro-brasileira contemporânea tem se destacado por seu compromisso com o resgate e a reconstrução de rastros memoriais da diáspora africana nas Américas, abordando temas como escravidão, resistência e ancestralidade. Nesse contexto, este artigo analisa as representações ficcionais de A Ilha Sob o Mar (2008), de Isabel Allende, e Um Defeito de Cor (2006), de Ana Maria Gonçalves, explorando como ambas as obras revisitam insurgências de escravizados ocorridas na América Latina durante o período colonial. Os dois romances recriam contextos históricos que destacam a violência da escravidão e, simultaneamente, a resistência dos povos negros. Um Defeito de Cor narra a trajetória de Kehinde, uma mulher africana que enfrenta a escravização no Brasil e luta por sua liberdade, enquanto A Ilha Sob o Mar apresenta a história de Zarité, uma escravizada na colônia de Saint-Domingue (atual Haiti) que testemunha a revolução haitiana. Ambas as narrativas revisitam episódios históricos sob a perspectiva de personagens femininas negras, reconfigurando a memória coletiva sobre o período escravocrata. Este trabalho busca estabelecer diálogos entre as duas obras, considerando as estratégias narrativas e os contextos históricos representados. Ao fazer isso, reflete-se sobre o papel da literatura como uma ferramenta de resistência, revisitação crítica e reimaginação do passado.
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