A narrativa-encruzilhada de Dona Jovita:
"água que não para, de longas beiradas"
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v7i1.2115Resumo
O artigo em questão conduz a uma discussão sobre o papel insurgente das micronarrativas frente a uma história monumental e linear, de onde foram excluídas as histórias dos povos indígenas, como a dos Pataxó do território Comexatibá. Para materializar essa tarefa, será feita uma análise da narrativa de vida de Jovita Maria de Oliveira, anciã e pajé pataxó, abordando aspectos importantes sobre as multiplicidades presentes nesse contar, resultado de um longo histórico de relações interculturais necessárias ao processo de sobrevivência e resistência aos projetos de extermínio postos em prática por variados agentes, ou com o apoio ou com a conivência do Estado. Terá especial relevância no processo de análise, a capacidade dessa narrativa de congregar temporalidades distintas, ao passo que reúne passado e futuro em um presente atento e ativo, resultando disso a abertura para pensar a relação com os outros e o mundo sob outras racionalidades, que não a ocidental. Para isso, comparecerão como aporte teórico: Walter Benjamin (2012); Joel Candau (2018); Michel Foucault (2010); Leda Maria Martins (1997); Daniel Munduruku (2012), Jean Bazin (2008), Aníbal Quijano (2005), entre outras inspirações.
Referências
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BAZIN, J. Des clous dans la Joconde: l’anthropologie autrement. Toulouse: Anacharsis, 2008.
BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução Sérgio Paulo Rouanet. 8ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 2012.
CANDAU, J. Antropologia da memória. Tradução Miriam Lopes. Rio de Janeiro: Instituto Piaget: 2005
DELEUZE, G.; GUATARRI, F. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia (vol. 1). Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. 2ª Ed.São Paulo: Martins Fontes, 2010.
HANNERZ, U. Fluxos, Fronteiras, Híbridos: Palavras-chave da Antropologia Transnacional. Mana, vol.3, nº1. Rio de Janeiro: 1997.
MARTINS, L. M. Afrografias da Memória: O Reinado do rosário no Jatobá. São Paulo: Perspectiva; Belo Horizonte: Mazza Edições, 1997.
MUNDURUKU, D. O caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990). São Paulo: Paulinas, 2012.
OLIVEIRA, J. M. de. O movimento de retomada do território pataxó. Entrevista concedida a Vera Lúcia da Silva, em 03 de fevereiro de 2021.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Vera Lúcia da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores retêm os direitos autorais de suas obras e concedem à RELACult o direito de primeira publicação. Todos os artigos são simultaneamente licenciados sob Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), permitindo o compartilhamento, distribuição, cópia, adaptação e uso comercial desde que atribuída a autoria original e indicada a primeira publicação nesta revista.
A RELACult disponibiliza todo o seu conteúdo em acesso aberto, ampliando a visibilidade e o impacto dos trabalhos publicados. As informações de contato fornecidas no sistema de submissão são utilizadas exclusivamente para comunicação editorial e não serão compartilhadas para outros fins.