Somos eu e você (negros)

A questão da paridade racial no fazer pesquisa.

Autores

  • Manoel Nogueira Neto Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.23899/qjp7ed38

Palavras-chave:

Racismo, Negritude, Pesquisa, paridade racial, Rede de Atenção Psicossocial

Resumo

Este trabalho explora os atravessamentos no processo de pesquisa envolvendo pesquisador e participantes com foco na paridade racial, no qual ambos são pessoas negras. Partindo de um relato de pesquisa, a qual se deu através de entrevistas semiestruturadas com profissionais negras/os da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de um estado nordestino, foram realizadas quatro entrevistas que facilitaram reflexões sobre o próprio ato de pesquisar. Alguns achados foram de evidenciar o silenciamento das violências raciais contra os/as profissionais negras/os e, mais centralmente para este estudo, situar a dificuldade dessas profissionais de encontrar espaço para entender as situações difíceis vividas no trabalho, estando aí a importância da entrevista e da paridade racial. Sugere-se ampliar as investigações sobre a relevância da paridade racial em pesquisas em diversas áreas, como Ciências Sociais e Saúde Coletiva, bem como explorar as percepções no fazer pesquisa de pesquisadoras/es diante outros marcadores sociais, como gênero e classe. Este trabalho pretende contribuir para o debate sobre epistemologias decoloniais e a inclusão de perspectivas negras na produção de conhecimento científico. 

Referências

CARONE, Iray. Breve histórico de uma pesquisa psicossocial sobre a questão racial brasileira. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva (orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2018. p. 13-23.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. 2005. 339 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Relações raciais: manual de referências técnicas para a atuação de psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017.

DAVID, Emiliano de Camargo. Saúde mental e racismo: a atuação de um Centro de Atenção Psicossocial II Infantojuvenil. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, 2018.

D’ÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil: 1917-1945. São Paulo: Editora UNESP, 2006.

DENZIN, Norman; LINCOLN, Yvona. Introdução: a disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In: __________ (orgs). O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 15-41.

DIMENSTEIN, Magda; SIMONI, Ana. Encruzilhadas da Democracia e da Saúde Mental em Tempos de Pandemia. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 40, p. 1-16, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-3703003242817. Acesso em: 23 jan. 2025.

KILOMBA, Grada. Memórias de plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.

NASCIMENTO, Abdias. Introdução: à mistura ou massacre? In: __________. Quilombismo: documentos de uma militância pan-africanista. Petrópolis: Editora Vozes, 1980. p. 13-34.

PASSOS, Rachel. Frantz Fanon, Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial no Brasil: o que escapou nesse processo? Sociedade em Debate, Pelotas, v. 25, n. 3, p. 74-88, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/article/download/6812/pdf . Acesso em: 21 jan. 2025.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulista. 2012. 160p. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 2012.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: ou vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2021.

Downloads

Publicado

2025-07-06

Edição

Seção

Dossiê - III Decolonialidade, feminino e negritude

Como Citar

Somos eu e você (negros): A questão da paridade racial no fazer pesquisa. (2025). RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 11(1). https://doi.org/10.23899/qjp7ed38