Manifesto De’VIA de 1989
declaração política e desnaturalização da arte surda
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v7i4.2053Palavras-chave:
Subjetivação Política, Cultura Sura, linguagem, Arte De'VIA, Artes visuaisResumo
O presente estudo tem como objetivo analisar o Manifesto De’VIA (Deaf View/Image Art) como uma declaração política da comunidade surda no campo epistemológico das artes visuais. Para isso, utilizou-se o documento produzido em 1989 por um grupo de artistas surdos dos Estados Unidos, no qual estão descritas as características da arte De’VIA, bem como, o seu propósito político. Utilizou-se como referencial teórico os estudos sobre linguagem, política e subjetividade de autores como Jacques Ranciére, Michel Foucault e Gilles Deleuze. Após a tradução e leitura do documento, percebeu-se que o manifesto De’VIA explora a potência das artes visuais como dispositivo de subjetivação política dos sujeitos surdos e reconfigura a partilha do sensível, onde os surdos historicamente ocuparam o lugar de sujeitos sem voz e sem palavra. Concluiu-se que o movimento pode ser compreendido como uma batalha no campo da linguagem, uma vez que seu documento de fundação propõe a desnaturalização do termo genérico “arte surda” e sua substituição pelo termo De’VIA, uma palavra criada pela junção da língua americana de sinais e da língua inglesa.
Métricas
Referências
DELEUZE, Giles; GUATTARRI, Félix. Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2. São Paulo, editora 34, 2011.
DURR, Patricia. Desconstructing the Forced Assimilation of Deaf People via De’Via Resistance and Affirmation Art. Visual Anthropology Review 15.2. (Fall 1999/2000): 47-68.
GIUNTA, Andrea. ¿Cuándo empieza el arte contemporáneo? Ciudad Autónoma de Buenos Aires: arteBA Fundación, 2014.
GUARINELLO, Ana Cristina. O papel do outro na escrita de sujeitos surdos. São Paulo: Plexus, 2007.
LADD, Pad. Understanding Deaf Culture: in search of Deafhood. Clevedon: Multilingual Matters, 2003.
LUNARDI, Márcia Lise. Educação Especial: institucionalização de uma racionalidade científica. In: THOMA, Adriana da Silva; LOPES, Maura Corcini.(Org.). A invenção da surdez: cultura, identidades e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul, Edunisc, 2004. p. 15-32.
MARCHESI, Álvaro. El desarrollo cognitivo y linguístico de los niños sordos. Madrid: Alianza Editorial, 1998.
NTID, National Technical Institute For The Deaf; RIT, Rochester Institute Of Technology. RIT/NTID's Deaf Artists website. 2018. Disponível em: <https://www.rit.edu/ntid/dccs/dada/dada.htm >. Acesso em: 02 out. 2018.
PERLIN, Gládis. Identidade Surda e currículo. In: LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de; GÓES, Maria Cecília Rafael de. Surdez: processos educativos e subjetividade. São Paulo, SP: Lovise, 2000.
QUADROS, Ronice Müller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre, Artmed, 1997.
______. O “Bi” em bilinguismo na educação de surdos. In: FERNANDES, Eulália (Org.). Surdez e bilinguismo. Porto Alegre: Mediação, 2008.
RANCIÉRE, Jacques. A partilha do sensível: Estética e política. São Paulo: EXO experimental org.; Editora 34, 2015.
______. O dano: política e polícia. In: O desentendimento: política e filosofia. São Paulo: Editora 34, 1996.
ROURKE, Nancy. Nancy Rourke: The Latest Expressionist Paintings. 2018. Disponível em: < http://www.nancyrourke.com >. Acesso em: 01 out. 2018.
SACKS, Oliver. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2005.
SOARES, Maria Aparecida Leite. A educação do surdo no Brasil. São Paulo: Autores Associados, 1999.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2ª ed. rev. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2009.
VEIGA-NETO, Alfredo; LOPES, Maura Corsini. Marcadores culturais surdos: quando eles se constituem no espaço escolar. Perspectiva, Florianópolis, v. 24, n. especial, p. 81-100, jul./dez. 2006.
______. Inclusão e Governamentalidade. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, especial, p. 947-963, out. 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Gabriele Vieira Neves
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.