ANENN: o esboço de um sonho
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1443Palavras-chave:
ação política, ANENN, etnografia virtual, juventude, movimento negroResumo
O ano é 2004. O contexto é o intenso debate público sobre desigualdade de acesso ao ensino superior que a política de cotas para estudantes negros, adotada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2002, gerou nos meios de comunicação de massa, nas universidades, nos círculos militantes e nos meios políticos institucionais. Neste contexto, um grupo de jovens universitários negros, reunidos em torno da realização do III COPENE, decide por sonhar a construção de uma organização política autônoma, composta por jovens negros, que fosse capaz de incidir sobre o debate a respeito da democratização do acesso ao ensino universitário. O presente trabalho pretende analisar o processo de construção desta organização intitulada Associação Nacional de Estudantes Negros e Negras (ANENN). A ANENN nasceu do encontro político de aproximadamente 30 jovens e rapidamente se expandiu, ampliando o escopo de participação e, também, os dilemas que envolviam a sua construção. Neste trabalho se pretende analisar os processos de negociação, articulação, construção de consensos e rupturas que o sonho de uma organização de caráter nacional impôs a esses jovens. Um dado importante a respeito da ANENN é que ela congregava militantes de vários estados da federação. Em função disto, apesar da existência de encontros presenciais, o “espaço” mais dinâmico da ANENN foi a lista de discussão na Internet. Central para articulação de jovens de diferentes estados, majoritariamente pobres e sem financiamento institucional, este “espaço” virtual foi o palco mais dinâmico para a apresentação de ideias, debates, disputas políticas e construções coletivas a respeito dos temas centrais sobre os quais a ANENN pretendia atuar politicamente. Em função desta característica, metodologicamente, este trabalho trata-se do produto de uma etnografia virtual cujo objetivo foi acompanhar as negociações em torno do esboço de um sonho.
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