Tessitura intermídia: cinema e música em Manhã cinzenta, de Olney São Paulo

Autores

  • Antonia Cristina de Alencar Pires
  • Gustavo Tanus Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Filipe Schettini

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v4i2.908

Palavras-chave:

Manhã cinzenta, Olney São Paulo, Intermidialidade, Música, Cinema.

Resumo

A aproximação entre estética e política tem que ser pensada, nestes tempos, porque de fato elas são indissociáveis, por elaborar uma re-configuração do visível e do possível, do que é possível ser pensado. Nesse sentido, arte e política, que sempre se enlaçaram, re-afirmam modos de ver e de refletir sobre o mundo sensível (RANCIÈRE, 2005). Nesse sentido, pretendemos analisar, no filme Manhã cinzenta (1969), média-metragem do cineasta baiano Olney São Paulo, a tessitura intermidiática, partindo das definições de Irina Rajewsky (2012) e Claus Clüver (2006), com o intuito de observar como se dá a relação intermidiática entre os fios de um tecido artístico/político: a imagem e a música, respectivamente, a epiderme e o músculo (WINGSTEDT, 2005), como elementos constituidores de um corpo multimídia, responsável por resistir à ditadura civil-militar de 1964. O filme analisado pode contribuir para o rompimento com a lógica da dominação, por mostrar, em sua tessitura ficcional, os resultados das formas desiguais de poder; isso contribui para romper a linha fronteiriça desse comum, o que acreditamos ser interessante por evidenciar as tramas deste, e, com isso, os esgarçamentos no tecido da história.

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Biografia do Autor

Antonia Cristina de Alencar Pires

Doutora em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFMG; Mestre em Literatura Brasileira pela FALE/UFMG; é Técnica em Gestão, Proteção e Restauro do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG). É cofundadora e coordenadora do grupo Moviola – estudos de literatura e cinema e outras artes.
Belo Horizonte-MG / Brasil
crisp563@gmail.com

Gustavo Tanus, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Doutorando em Estudos da Linguagem pela UFRN. Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, pela UFMG. Bacharel em Edição, pela UFMG. Pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade (FALE/UFMG). Cofundador e pesquisador do Moviola – grupo de pesquisas intersemióticas/intermídias: travessias entre cinema, literatura e outras áreas.
Natal-RN / Brasil
gustavotcs@gmail.com

Filipe Schettini

Cineasta e pesquisador. Codiretor, corroteirista e autor da trilha sonora do curta de ficção Noturno interlúdio; diretor e montador do curta documentário Arcângelo. Graduando do curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário UNA. Cofundador e pesquisador do Moviola – grupo de pesquisas intersemióticas/intermídias: travessias entre cinema, literatura e outras áreas.
Belo Horizonte-MG / Brasil
filipe.schettini@outlook.com

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Publicado

2018-11-02

Como Citar

Pires, A. C. de A., Tanus, G., & Schettini, F. (2018). Tessitura intermídia: cinema e música em Manhã cinzenta, de Olney São Paulo. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 4(2). https://doi.org/10.23899/relacult.v4i2.908

Edição

Seção

Dossiê - Literatura, arte e política