Imagens, livros didáticos e colonialidade
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.535Keywords:
colonialidade, ensino de história, indígenas Guarani, livros didáticos, violência epistêmica.Abstract
O pensamento moderno europeu, sustentado no projeto intelectual do Iluminismo, acabou por instaurar as suas epistemologias nas colônias. Nesse processo, ainda vigente, fabricou-se uma concepção de conhecimento que se reclamava a si mesmo o direito de ser universal, válido e demonstrado. De tal forma, a subalternização e violência física dos impérios contra os povos originários, devia, inexoravelmente, apoiar-se em processos de violência epistémica, de “epistemicídios”, ou na imposição de certas racionalidades em detrimento das formas locais de produção de conhecimento. Assim, este trabalho parte da premissa que a violência também se mostra como um espaço de poder onde se reproduzem representações hegemónicas sobre o Outro indígena, desvalorizado, estereotipado e invisibilizado sistematicamente conforme os interesses das elites econômico-políticas. Da mesma forma, acreditamos que os legados epistêmicos da colonialidade são palpáveis na escola e, principalmente, nos livros didáticos, espaços etnográficos férteis para problematizar os efeitos do projeto colonizador e capitalista de ocidente. Destacamos a utilidade teórico-metodológica destes documentos para analisar a conformação de imaginários sobre os índios e a produção de uma versão da história que busca sedimentar uma identidade nacional determinada. Apresentaremos os resultados preliminares de uma pesquisa de mestrado, concentrada nas formas como é representado o indígena nos livros didáticos de História das escolas municipais da cidade de Foz do Iguaçu. A partir da seleção de algumas imagens obtidas nos livros buscamos problematizar estereótipos e equívocos sobre a questão indígena, e sua relação com os processos de violência contemporânea que sofre o povo indígena Guarani.
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