Corpos diaspóricos e masculinidades negras: Uma leitura de Todo mundo odeia o Chris a partir da decolonialidade
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.631Keywords:
Corpos negros, masculinidades negras, Todo mundo odeia o Chris, mídia, colonialidade/decolonialidade.Abstract
Nosso principal objetivo é discutir como os efeitos de língua/linguagem dizem/fazem(AUSTIN, 1998) corpos subalternizados e de como isso pode nos fornecer traços para uma leitura crítica que vise o pensamento decolonial(WALSH, 2009) e o não extermínio, físico e simbólico, de vidas e outras masculinidades. Para fins de problematizar, especialmente, a visibilidade/invisibilidade dos corpos negros e a construção de prefigurações sobre tal corpo denominado de masculino, trazemos o seriado sitcom Todo mundo odeia o Chris(2005) traduzido-dublado como índice de como as narrativas midiáticas reiteram as experiências sociais e performam atos de linguagem constituindo espaços e formas de opressão. Isso tendo como perspectiva a crítica à trajetória histórica imperial nas américas que se funda a partir da colonialidade do poder e do saber, juntamente com a ideia de hierarquização de raça(QUIJANO, 2005). Nossa discussão se pauta na construção das masculinidades negra e dos atos metapragmáticos evocados, o situando dentro de um duplo narcisismo(FANON, 2008), de um corpo desejado, viril, exótico ao mesmo tempo que é visto como ameaça, concorrência que precisa ser controlado. O seriado norte-americano ao ser dublado é reentextualizando ao contexto local brasileiro e se insere em diálogo dentro do percurso da diáspora dos corpos negros e da luta transacional antirracista e de re-existência desses corpos. Performando e retomando atos de fala que exercem ações reais sobre os sujeitos negros em contexto opressor, ditando vidas que importam ao configurar, como uma das consequências, a neurose racial brasileira(GONZALEZ, 1984) que apenas lê T.M.O.C como um entretenimento sendo que a todo instante ele traz a denúncia da violência racial.References
AUSTIN, John L. Performativo-constativo. Tradução: Paulo Ottoni. In: OTTONI, Paulo Roberto. Visão Performativa da linguagem. Campinas: Editora da Unicamp, 1998. 107-144.
BUTLER, Judith P. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro: 2003.
FANON, Frantz. Racismo e Cultura. In:____. Em defesa da revolução africana. Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1969.
______. Pele negra, máscaras brancas. Trad.: Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2004.
GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, p. 223-244, 1984.
NKOSI, Devid Faustino. O pênis sem o falo: algumas reflexões sobre homens negros, masculinidades e racismo in: Feminismos e masculinidades: novos caminhos para enfrentar a violência contra a mulher / organização Eva Alterman Blay. – 1. ed. – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. Pp. 75
PEIRANO, Mariza. Apontamentos sobre rituais, eventos e política. ANPOCS/2002. Disponível em: http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=4502&Itemid=317. Acessado em: 7 jan. 2016.
PINHO, Osmundo. Qual é a identidade do homem negro? Democracia viva, nº 22, Espaço aberto, JUN/JUL 2004. P. 64-69.
PINTO, Joana P. O percurso do performativo. Revista Cult, São Paulo, p. 35 - 36, 01 nov. 2013a.
________. Prefigurações identitária e hierarquias linguísticas na invenção do português. In: MOITA LOPES, Luiz Paulo da (Org.). Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola, 2013b.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Trad.: Julio Cesar Casarin Barroso Silva. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociais – Clacso, 2005.
RIBEIRO, Alan A. Moraes. Blackness: identidades, racismo e masculinidades em bell hooks. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2012. ISSN 2179-510X.
ROCK, Chris; LEROI, Ali; MICHAELS, Jim. (BR). Todo mundo odeia o Chris. [seriado]. Criação de Chris Rock e Ali LeRoi, produção de Jim Michaels. Nº de temporadas 4, Nº de episódios 88. Estados Unidos, 2005.
SALES JR., Ronaldo L. Democracia racial: o não-dito racista. Tempo Social, revista de sociologia da USP, 2006, v. 18, n. 2.
SEGATO, Rita Laura. Raça é signo. Série Antropológica. Brasília: UnB, n. 372, 2005.
SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia? São Paulo: Editora Loyola, 2002.
SOUZA, Rolf Ribeiro de. As representações do homem negro e suas consequências. Revista Fórum Identidades. Ano 3, Volume 6 | jul-dez de 2009.
SPIVAK, Gayatry. C. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa e André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
WALSH, Catherine. Interculturalidad, Estado, Sociedad: Luchas (de)coloniales de nuestra época. Universidad Andina Simón Bolivar, Ediciones AbyaYala: Quito, 2009.
WERNECK, Jurema. Da Diáspora Globalizada: Notas sobre os afrodescendentes no Brasil e o início do século XXI. 2003. Disponível em: http://www.criola.org.br/artigos/Da%20 Diaspora%20Globalizada.pdf.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors retain the copyright of their works and grant RELACult the right of first publication. All articles are simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), which allows sharing, distribution, copying, adaptation, and commercial use, provided that proper credit is given to the original authorship and the first publication in this journal is acknowledged.
RELACult makes all of its content openly accessible, thereby increasing the visibility and impact of the published works. The contact information provided in the submission system is used exclusively for editorial communication and will not be shared for any other purpose.