O rap nacional e o caso Djonga: por uma sociologia das ausências e das emergências
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i3.1657Keywords:
Teorias do Sul, RAP, Saberes Emancipatórios, Djonga.Abstract
Na atualidade tem ocorrido um efervescente debate na Teoria Sociológica por conta das problematizações trazidas pelas Teorias do Sul. Um dos principais apontamentos é identificar as ausências na abordagem sociológica, fazendo emergir atores ocultados e os conhecimentos por eles produzidos, na tentativa de valorizar a diversidade epistemológica do mundo. Dessa forma, este trabalho efetua uma reflexão acerca da dimensão transcultural, política e estética do RAP na produção de saberes emancipatórios e aponta para os possíveis diálogos entre esse gênero musical e os posicionamentos éticos no que tange aos fazeres sociológicos. Analisa-se trechos de composições do rapper Djonga, verificando sua música como instrumento de combate e estratégia de descolonização do cotidiano, a partir de uma análise minuciosa de questões sociais, como a conjuntura político-moral e proposições de possíveis ações de (re)existências. Finaliza-se apontando para o discurso do rapper que expande a noção das questões sociais do país, um artifício utilizado para quebrar o silêncio, ora do legado colonial, ora de seus resultados na construção incessante da sociedade brasileira.
References
APPADURAI, A. O medo ao pequeno número: ensaio sobre a geografia da raiva. São Paulo: Iluminuras; Itaú Cultural, 2009.
BENTO, M. A. S. (org.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
BARBIN BERTELLI, G. Errâncias racionais: a periferia, o RAP e a política. Sociologias, v. 14, n. 31, 2012.
BERNARDINO-COSTA, J; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e perspectiva negra. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, 2016.
CHATTERJEE, P; FIGUEIREDO, F. B. Colonialismo, modernidade e política. Salvador: EDUFBA, 2004.
CLASTRES, P. Arqueologia da Violência: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
COSTA, S. Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial. Revista brasileira de ciências sociais, v. 21, n. 60, p. 117-134, 2006.
FANON, F. Os condenados da Terra. Juiz de Fora: UFJF, 2005.
FERNANDES, R. Mar de versos: a poética negra como ato revolucionário. Sur, Rev. int. direitos humanos, v. 15, n. 28, p. 233-243, 2018.
FERRARINI, A. V. Sociologia das ausências e das emergências na análise teórico-epistemológica de uma política pública participativa. Revista de Ciências Sociais: RCS, v. 49, n. 1, p. 400-425, 2018.
FREITAS, K; MESSIAS, J. O futuro será negro ou não será: Afrofuturismo versus Afropessimismo - as distopias do presente. Imagofagia, n. 17, p. 402-424, 2018.
GILROY, P. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34, 2001.
GOMES, N. L. O movimento negro educador: saberes construídos nas luta por emancipação. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2017.
LANDER, E. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Editora UFMG, 2006.
MBEMBE, A. Crítica da razão negra. São Paulo: n-1 Edições, 2018.
MILLS, C. W. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1965.
NOBLES, W. Sakhu Sheti: retomando e reapropriando um foco psicológico afrocentrado. In: NASCIMENTO, E. L. (Ed.). Sankofa: matrizes africanas da cultura brasileira. São Paulo: Selo Negro Edições, 2008.
NOGUERA, R. Afrocentricidade e educação: os princípios gerais para um currículo afrocentrado. Revista Africa e Africanidades, nov. 2010.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa & MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, (p.84-130).
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências na transição para uma ciência pós-moderna. Estudos avançados, v. 2, n. 2, p. 46-71, 1988.
_____. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. Revista crítica de ciências sociais, n. 63, p. 237-280, 2002.
_____. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, n. 78, p. 3-46, 2007a.
_____. Para uma sociologia das ausências. Disponível em: <https://outraspalavras.net/poeticas/boaventura-muito-alem-do-universalismo-europeu/> Acesso em: 03, jun. 2019.
SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.
SANTOS, S. A. dos. Os rappers e o 'rap consciência': novos agentes e instrumentos na luta antirracismo no Brasil na década de 1990. Sociedade e Cultura, v.11, n.2, p.169-182, 2008.
SOUZA, N. S. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Graal, 1983.
Discografia e Músicas
DJONGA. Heresia. CEIA Ent., 2017.
DJONGA. Olhos de Tigre. Brainstorm Estúdio (Pineapple StormTV), 2017.
DJONGA. O menino que queria ser Deus. CEIA Ent., 2018.
DJONGA. Ladrão. CEIA Ent., 2019.
DVTRIBO. Diáspora. Casa1 estúdios (Rapbox), 2016.
FACÇÃO CENTRAL. Versos Sangrentos. 1DASUL Fonográfica, 1999.
FACÇÃO CENTAL. Direto do Campo de Extermínio. Face da Morte Produções, 2003.
MV BILL. Traficando informação. Gravadora Natasha, 1999.
RACIONAIS MC’S. Sobrevivendo no Inferno. Cosa Nostra Fonográfica, 1997.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors retain the copyright of their works and grant RELACult the right of first publication. All articles are simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), which allows sharing, distribution, copying, adaptation, and commercial use, provided that proper credit is given to the original authorship and the first publication in this journal is acknowledged.
RELACult makes all of its content openly accessible, thereby increasing the visibility and impact of the published works. The contact information provided in the submission system is used exclusively for editorial communication and will not be shared for any other purpose.