Onde querem silêncio e morte, plantamos vozes e lutas
dispositivos de racialidade e necropolítica
DOI:
https://doi.org/10.23899/ck6bqh88Palavras-chave:
Racismo; Dispositivo; Narrativa; PoderResumo
Este artigo apresenta uma reflexão crítica sobre os dispositivos de racialidade e a necropolítica, investigando como o racismo estrutura modos de ser e viver, delimitando quais corpos podem existir plenamente e quais são marcados para o apagamento. A discussão se ancora na articulação entre o biopoder foucaultiano e a necropolítica de Achille Mbembe, evidenciando como a violência racial não se restringe ao extermínio físico, mas também se desdobra no imaginário social e na tentativa de silenciamento da experiência negra.A pesquisa foi elaborada a partir de vivências atravessadas pelo cotidiano brasileiro e sustentada por referências bibliográficas que abordam as dinâmicas do poder e seus desdobramentos na construção de subjetividades racializadas. Ao analisar os mecanismos que sustentam a violência contra corpos negros, o estudo não apenas denuncia as engrenagens do racismo, mas também aponta para as narrativas como espaços de insurgência e continuidade da vida negra.Dessa forma, mais do que sobreviver à dicotomia entre o bem branco e o mal negro, o texto reivindica a centralidade da narrativa na resistência negra, compreendendo o narrar como um gesto político que rompe com os dispositivos de morte e afirma a potência do viver. Se a branquitude historicamente produziu dispositivos para capturar e limitar a existência negra, este artigo propõe a narratividade como fresta, movimento e continuidade, garantindo que as histórias sejam contadas não apenas sobre o sofrimento, mas sobre a plenitude do ser.
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