Somos eu e você (negros)
A questão da paridade racial no fazer pesquisa.
DOI:
https://doi.org/10.23899/qjp7ed38Palavras-chave:
Racismo, Negritude, Pesquisa, paridade racial, Rede de Atenção PsicossocialResumo
Este trabalho explora os atravessamentos no processo de pesquisa envolvendo pesquisador e participantes com foco na paridade racial, no qual ambos são pessoas negras. Partindo de um relato de pesquisa, a qual se deu através de entrevistas semiestruturadas com profissionais negras/os da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de um estado nordestino, foram realizadas quatro entrevistas que facilitaram reflexões sobre o próprio ato de pesquisar. Alguns achados foram de evidenciar o silenciamento das violências raciais contra os/as profissionais negras/os e, mais centralmente para este estudo, situar a dificuldade dessas profissionais de encontrar espaço para entender as situações difíceis vividas no trabalho, estando aí a importância da entrevista e da paridade racial. Sugere-se ampliar as investigações sobre a relevância da paridade racial em pesquisas em diversas áreas, como Ciências Sociais e Saúde Coletiva, bem como explorar as percepções no fazer pesquisa de pesquisadoras/es diante outros marcadores sociais, como gênero e classe. Este trabalho pretende contribuir para o debate sobre epistemologias decoloniais e a inclusão de perspectivas negras na produção de conhecimento científico.
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