Da Carta da Terra à Agenda 2030: etnografia das redes de influências
DOI:
https://doi.org/10.23899/3fnxke42Palavras-chave:
Carta da Terra, Agenda 2030, Etnografia de Redes, Redes de Influência, Políticas PúblicasResumo
A Carta da Terra e a Agenda 2030 são importantes documentos de referência para a educação ambiental na perspectiva do desenvolvimento sustentável resultantes de eventos ambientais internacionais, organizados a partir da década de 1990 pela Organização das Nações Unidas, em conjunto com entidades governamentais e não governamentais. Com o crescente processo de globalização mundial, cada vez mais são estabelecidas parcerias público-privadas que interferem na circulação de ideias e produção de documentos, resultantes de acordos matizados por relações de poder, redes de influências e interesses caracterizados pela governança global. Considerando tais premissas, o objetivo deste artigo é compreender como essas redes de influências se formam e interferem nas políticas públicas, incluindo documentos firmados em eventos ambientais internacionais, ligados à educação ambiental. A partir dos pressupostos da pesquisa qualitativa foram utilizados como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica e documental, além da consulta aos websites institucionais vinculados aos documentos citados ancorados no método da etnografia de redes. Do movimento de pesquisa realizado em vários websites e notícias vinculadas à Carta da Terra e Agenda 2030, foi possível perceber que as parcerias público-privadas estabelecidas envolvem diferentes atores e tipos de transações de complexa identificação, assim como uma diversificada carteira de investimentos e doações em forma de filantropia. As redes de influências são estabelecidas para garantir lucros e transitam livremente na esfera governamental, revelando o movimento de governança global que envolve diferentes atores e instituições na defesa e apresentação de soluções criativas para problemas complexos, como a educação ambiental e a sustentabilidade.
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