Lendo a Liberdade
a recepção da literatura no sistema prisional
DOI :
https://doi.org/10.23899/m4ttcz70Mots-clés :
Literatura, remição de pena, prisão, extensão universitáriaRésumé
O artigo examina as experiências de um projeto de extensão universitária que promove a remição de pena pela leitura, no contexto prisional brasileiro, abordando sua execução e os desafios enfrentados. O objetivo central é utilizar a leitura como uma ferramenta de ressocialização e educação, inserindo práticas de diálogo e expressão crítica por meio de encontros literários. O projeto, chamado "Clube de Leitura Cárcere, Expressão e Liberdade", conduzido pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) visa a efetivação da remição de pena, mas também à transformação pessoal dos participantes, promovendo um ambiente de aprendizagem que instiga reflexões sobre temas sociais. A metodologia aplicada inclui observação participante e estudo de caso, permitindo uma compreensão aprofundada das interações sociais no contexto prisional e dos impactos da leitura nos reeducandos. A coleta de dados foi qualitativa, com foco na análise dos relatos dos participantes e nas anotações dos pesquisadores, visando capturar as dinâmicas e os significados atribuídos à experiência de leitura dentro da prisão. Os resultados indicam que, apesar dos desafios estruturais e da resistência institucional, o projeto proporciona avanços na articulação de ideias e no desenvolvimento pessoal dos internos. A leitura emergiu como uma prática que não só facilita a remição da pena, mas que também contribui para a construção de identidades mais resilientes e para a redução do isolamento social dos participantes. O estudo aponta a importância das iniciativas educacionais em ambientes prisionais, reconhecendo-as como um direito fundamental e um potencial caminho para a transformação social e a reintegração de pessoas privadas de liberdade.
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