Colonialidade e decolonialidade do sagrado

ciências da religião e a desconstrução de paradigmas estanques

Resumo

O presente artigo visa discutir a ideia de colonialidade do sagrado, que aparece associada ao projeto de dominação epistêmica eurocêntrica, pautada inicialmente por um processo de colonização e posteriormente por um processo de modernização/ secularização/ racionalização, responsáveis por relegar o conhecimento ontológico originado da esfera do sagrado à irrelevância, fadando-o à redutibilidade do controle da religião e submetendo-o à supremacia da ciência. Contudo, como contrapartida crítica, despontam os paradigmas decolonial e intercultural propondo renovadas interpretações para as dinâmicas socioculturais e consequentemente para o tratamento do fenômeno religioso. Tais alternativas epistemológicas se demonstram capazes de descortinar nuances significativas do sagrado, velado nas tradições religiosas e refutado pela ciência, tomando-o como objeto de estudos viável de ser analisado pelas ciências da religião. Importa, assim, refletir sobre como as estratégias decoloniais e interculturais podem conceber novos arranjos teórico- metodológicos e comprometer-se com a implementação do diálogo inter-religioso e com o combate à intolerância religiosa, enquanto ação prática factível, tendo no reconhecimento do sagrado o ponto nodal da interpretação e da defesa da conciliação. Para tanto, foi realizado um dimensionamento bibliográfico entre os autores do grupo de estudos Modernidade/ Colonialidade e outros autores do campo das ciências da religião.