Repensando a Questão da Cultura Política para os Regimes Democráticos Latino-Americanos
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1437Palavras-chave:
América Latina, cultura política, capacidade de Estado, democracia, epistemologia.Resumo
Este trabalho propõe uma abordagem analítica sobre a democracia na América Latina diferente da convencional. Seu objetivo e distinção estão em procurar compreender os limites trazidos pela questão da cultura política no desenvolvimento democrático na região para além da epistemologia tradicional. Tal epistemologia depreende que tradições culturais da América Latina e os traços políticos nelas presentes perpetuam a fragilidade das democracias na região, uma vez que impedem que as instituições se consolidem e que o apoio ao sistema político atinja todas as suas dimensões de forma abrangente. Regimes e governos de países da América Latina sucumbem ou seguem esse caminho porque não conseguem entregar políticas públicas satisfatórias, e isso em grande medida por causa de uma capacidade de Estado limitada, uma cultura política híbrida e fragmentária. Com o apoio de evidências de dados do Variedades de Democracia (V-Dem 1990 – 2018) e Latinobarômetro, a proposta deste trabalho não é ir de encontro a essa tradição de pesquisa empírica, mas apontar seus limites e sugerir novos caminhos para se pensar a cultura política e a democracia em um contexto latino-americano de grandes desafios.
Métricas
Referências
ALMOND, G; VERBA, S. The civic culture: political attitudes and democracy in five nations. Princeton: Princeton University Press, 1966. 349 p.
BADIE, B; HERMET, G. Política comparada. México: Fondo de Cultura, 1993. 319 p.
BANFIELD, E. C. The moral basis of a backward society. Glencoe: The Free Press, 1958. 188 p.
BAQUERO, M. A desconfiança como fator de instabilidade política na América Latina. In: ______; CASTRO H. C. O.; GONZÁLEZ R. S (Orgs) A construção da democracia na América Latina. Porto Alegre/Canoas: UFRGS/Centro Educacional La Salle, 1998. P. 13-29.
______. Qual democracia para a América Latina?: capital social e empoderamento são a resposta?. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2013. 160 p.
CASTELLS, M. Ruptura: a crise da democracia liberal. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. 152 p.
CASTRO, H. C. Cultura política comparada: Brasil, Argentina e Chile. Brasília: Verbena, 2014. 140 p.
CATTERBERG, G; MORENO, A. The individual bases of political trust: trends in new and established democracies. International Journal of Public Opinion Research, Oxford, v. 18, n. 1, p. 31-48, 2005.
DAHL, R. A. Sobre a democracia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2016. 230 p.
DI TELLA Torcuato. Populismo y reforma en América Latina. Desarrollo Económico, v. 4, n. 16, p. 391-425, abr-jul, 1965.
FOA R. S.; MOUNK, Y. The democratic disconnect. Journal of Democracy, V. 27, n. 3, p. 5-17, July, 2016.
______. The signs of deconsolidation. Journal of Democracy, v. 28, n. 1, p. 5-15, jan., 2017.
FUKUYAMA, F. Why democracy is performing so poorly? Journal of Democracy, v. 26, n.1, p. 11-20, 2015.
GERMANI G. Autoritarianism, fascism and national populism. New Brunswick: Transaction Books, 1978. 292 p.
HUNTINGTON, S. P. A ordem política nas sociedades em mudança. Rio de Janeiro: Forense-Universitária. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. 496 p.
______. A Terceira Onda: A Democratização no Final do Século XX. São Paulo: Ática, 1994. 335 p.
______. A importância das culturas. In: LAWRENCE, E. H.; HUNTINGTON, S. P. A cultura importa: os valores que definem o progresso humano. Rio de Janeiro: Record, 2002. P. 11-15.
INGLEHART, R. The silent revolution in europe: intergerational change in pos-industrial societies. American Political Science Review, v. 65, n.4, p. 991-1017, dec., 1971.
______. The renaissanse of political culture. The American Political Science Review, v. 82, n. 4, p. 1203-1230, dec., 1988.
______. Cultura e democracia. In: LAWRENCE, E. H.; HUNTINGTON, S. P. A cultura importa: os valores que definem o progresso humano. Rio de Janeiro: Record, 2002. P. 133-153.
______. How much should we worry?. Journal of Democracy, v. 27, n. 3, p. 18-23, July, 2016.
______; WELZEL, Christian. Modernização, Mudança Cultural e Democracia: e sequencia do desenvolvimento humano. São Paulo: Francis, 2009. 400 p.
LANDES, D. Quase toda a diferença está na cultura. In: LAWRENCE, E. H.; HUNTINGTON, S. P. A cultura importa: os valores que definem o progresso humano. Rio de Janeiro: Record, 2002. P. 39-52.
LEFORT, C. A invenção democrática: os limites da dominação totalitária. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987. 247 p.
LEVITSKY, S. Democratic survival and weakness. Journal of Democracy, v. 29, n. 4, p. 102-113, oct, 2018.
LIPSET, S. M. O homem politico. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. 440 p.
MOORE, J. B. As origens sociais da ditadura e da democracia. São Paulo: Martins Fontes, 1983. 589 p.
NORRIS, P. Critical citizens: global support for democratic governance. New York: Oxford University, 1999. 303 p.
______. Democratic deficit: critical citizens revisited. Spring: Cambridge University, 2011. 335 p.
______. Making democratic governance work: the impact of regimes on prosperity, welfare and peace. New York: Cambridge University, 2012. 281 p.
O’DONNELL, G; SCHIMITTER, P; WHITEHEAD, L. Transições do regime autoritário. São Paulo: Vértice, 1988. 127 p.
PHARR, S. J.; PUTNAM R. D.; DALTON, R. J. A quarter-century of declining confiance. Journal of Democracy, v. 11, n. 2, p. 5-25, 2000.
SCHMITTER, P. C. Crisis and transition, but not decline. Journal of Democracy, v. 26, n. 1, p. 32-44, 2015.
SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 411 p.
SHWEDER, R. A. Mapas morais, presunções de “primeiro mundo” e os novos evangelistas. In: LAWRENCE, E. H.; HUNTINGTON, S. P. A cultura importa: os valores que definem o progresso humano. Rio de Janeiro: Record, 2002. P. 231-251.
SILVA, F. P.; BALTAR, P.; LOURENÇO, B. Colonialidade do saber, dependência epistêmica e os limites do conceito de democracia na América Latina. Revista de estudos e pesquisas sobre as Américas, v. 12, n. 1, p. 68-87, 2018.
TILLY, C. Coerção, capital e Estados europeus. São Paulo: Edusp, 1966. 356 p.
______. Democracia. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. 256 p.
TOCQUEVILLE, A. A democracia na América. Belo Horizonte: Itatiaia, 1987. 600 p.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira; Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1981. 234 p.
______. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret, 2006. 128 p.
WIKE, R.; FETTEROF, J. Liberal democracy’s Crises of confidence. Journal of Democracy, v. 29, n. 4, p. 136-150, oct., 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.