Elementos para a Crítica da Lei Rouanet e para uma Análise das Produções Artístico-culturais no Brasil

Autores

  • Júlia Conterno Rodrigues

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.597

Palavras-chave:

Lei Rouanet, mercantilização da cultura, Ministério da Cultura do Brasil, políticas culturais

Resumo

Neste artigo, busca-se apresentar a Lei Rouanet como principal política cultural do Estado brasileiro atual e analisar as consequências de sua forma de operação nas propostas artístico-culturais. Considera-se que um determinado tipo de política cultural direciona e permite, como tendência, um tipo específico de criação. Assim, a Lei Rouanet, que possibilita o patrocínio de propostas artístico-culturais por meio da renúncia fiscal de empresas públicas e privadas, está imersa em uma trama de relações de poder entre os produtores culturais, o Estado brasileiro e as empresas financiadoras. Busca-se aqui evidenciar algumas consequências negativas desta forma de financiamento, tratando a cultura como imbricada no âmbito político da vida social – proposta central dos Estudos Culturais britânicos e suas derivações –, desde uma perspectiva interdisciplinar que se apoia principalmente na sociologia da arte e da cultura e na teoria crítica latino-americana. Toca-se em temas como o Estado latino-americano – a partir do caso brasileiro –, a subordinação dos projetos a dinâmicas mercantis e as práticas artístico-culturais como ações comunicativas que imprimem sentido à nossa realidade. Contudo, a principal contribuição deste trabalho está nas reflexões centradas nos elementos das propostas que devem ser adequados às demandas das empresas financiadoras e os possíveis desenlaces de tal processo. Desta forma, espera-se poder colaborar com futuras pesquisas direcionadas à construção de uma crítica mais profunda e estrutural sobre as relações entre políticas públicas para a cultura, o Estado brasileiro e as produções culturais.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Júlia Conterno Rodrigues

Possui graduação em Engenharia de Produção Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina (2010). Concluiu uma especialização em gestão cultural pela Universidad Nacional de Córdoba - Argentina e um mestrado em Comunicação e Política pela Universidad Autónoma Metropolitana Xochimilco - México. Tem experiência profissional na área de produção cultural e consultoria em projetos culturais. Atualmente estuda principalmente temas relacionados à Economia Política da Comunicação, Gestão Cultural, Cultura, Políticas Culturais, Teoria Crítica Latino-americana.

Referências

ARREDONDO, D. G. (2014). Calibán en Cuestión. Aproximaciones teóricas y

filosóficas desde nuestra América. Bogotá: Ediciones desde abajo.

BRASIL. Ministério da Cultura (1991). Lei nº 8.313. Restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac) e dá outras providências.

___________. Ministério da Cultura (2013). Instrução Normativa 01/2013. Estabelece procedimentos para apresentação, recebimento, análise, aprovação, execução, acompanhamento e prestação de contas de propostas culturais, relativos ao mecanismo de incentivos fiscais do Programa Nacional de Apoio à Cultura – Pronac.

CANO, W. (1999). Soberania e Política Econômica na América Latina. São Paulo: editora Unesp.

COELHO, T. (1997). Dicionário Crítico de Política Cultural. São Paulo: Iluminuras.

ECHEVERRÍA, B. (1998). Valor de Uso y Utopía. México: Siglo XXI.

_______________. Introducción. In: BENJAMIN, W. La obra de arte en la época de su

reproductividad técnica. México: Ítaca, 2003. p. 9-30.

_______________ (2010). Definición de la Cultura. México: Ítaca / Fondo de Cultura Económica.

MENDOZA, T. E. Cultura y arte. Una aproximación orientada a la gestión cultural. In: BOLÁN, E. N. (coordenador). Gestión Cultural y Teoría de la Cultura. México: Universidad Autónoma Metropolitana y Gedisa, 2015. p. 57-81.

CANCLINI, N. G. (1979). La producción simbólica – teoría y método en sociología del arte. México: Siglo XXI editores, 2014.

HALL, S. (2014a). El trabajo de la representación. In: Eduardo Restrepo, Catherine Walsh, Víctor Vich (coordenadores). Sin Garantías: Trayectorias y problemáticas en estudios culturales. Colombia: Universidad del Cauca editores y Fundación Envión, 2014. p. 489-526.

_________ (2014b). Estudios culturales: dos paradigmas. In: Eduardo Restrepo, Catherine Walsh, Víctor Vich (coordenadores). Sin Garantías: Trayectorias y problemáticas en estudios culturales. Colombia: Universidad del Cauca editores y Fundación Envión, 2014. p. 51-72.

HARVEY, D. (2001) A Produção Capitalista do Espaço. São Paulo: Annablume editora.

MARTEL, F. (2013). Cultura Mainstream. México: Taurus.

OLIVIERI, C. G. (2004). Cultura Neoliberal: leis de incentivo como política pública de cultura. São Paulo: Escrituras Editora.

OSORIO, J. (1999). Fuentes y tendencias de la teoría de la dependencia. In: Marini, R. M. e Millán, M. (coordenadores). La teoría social latinoamericana – Subdesarrollo y dependencia, Tomo II. México: Ediciones El Caballito.

____________ (2014). El estado en el centro de la mundialización – La sociedad civil y el asunto del poder. México: Fondo de Cultura Económica.

PALHANO, A. (2009). A participação dos Grandes. In: Revista Observatório Itaú Cultural n. 07. São Paulo: Itaú Cultural.

QUIJANO, A. (2014). Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: Antología Esencial – de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad / descolonialidad del poder. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO. 2014. Pp. 777-832.

RUBIM, A. A. C. (2012). Políticas Culturais no Brasil: passado e presente. In: Políticas culturais – coleção Sala de Aula, número 8. Brasil: EDUFBA.

SEGATO, R. L. (2007) La Nación y sus Otros – Raza, etnicidad y diversidad religiosa en tiempos de Políticas de la Diversidad. Buenos Aires: Prometeo libros.

VILLALTA, F. G. Os impactos das políticas públicas no mercado de trabalho na área cultural no início do século XXI no Brasil. 2015. 188 f. Dissertação de mestrado em Desenvolvimento Econômico – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, 2015. Recuperada em http://repositorio.unicamp.br/

WU, Chin-Tao (2006). Privatização da cultura – a intervenção corporativa nas artes desde os anos 80. São Paulo: Boitempo editorial / SESCSP.

Downloads

Publicado

2017-12-31

Como Citar

Rodrigues, J. C. (2017). Elementos para a Crítica da Lei Rouanet e para uma Análise das Produções Artístico-culturais no Brasil. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 3(3). https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.597

Edição

Seção

Artigos - Fluxo Contínuo