Corpo Ancestral: processo de criação do personagem Alboury no “Laboratório de Dramaturgismo e Direção Rotativa de Cenas”
DOI :
https://doi.org/10.23899/relacult.v3i2.414Mots-clés :
Ancestralidade Negra, Criação de Personagem Teatral, Construção Corporal, Racismo.Résumé
Este trabalho pretende analisar o processo criativo de composição do personagem Alboury na montagem teatral Combate: corpos Mortos, vivos e por vir do “Laboratório de Dramaturgismo e Direção Rotativa de Cenas”, orientado pela Prof.ª Dra. Fernanda Vieira Fernandes e Prof.ª Ma. Maria Amélia Gimmler Netto. A encenação parte do texto teatral Combate de negro e de cães, do autor francês Bernard-Marie Koltès, do livro Um útero é do tamanho de um punho, de Angélica Freitas, além de depoimentos dos artistas-criadores, canções, dados estatísticos e notícias atuais. A montagem ressalta relações de racismo por parte dos brancos ao principal personagem negro da peça, Alboury, e relações de machismo com a personagem Léone, única personagem feminina presente na peça. Considerando a questão histórica de mestiçagem no Brasil, composto também por africanos e índios, nesta montagem, a construção corporal e presença cênica do ator que interpreta Alboury tem como referenciais conceitos da religiosidade de matriz africana, em diálogo com o processo de direção da encenadora. Parte desta busca se detém às movimentações corporais das entidades de “Caboclos” vivenciadas pelo ator no Centro Espírita de Umbanda Caboclo Sete Estrelas, Pelotas/RS. Estes indivíduos viviam em comunidades, sua noção de coletividade e ancestralidade traçam o dialogismo com o personagem koltesiano. A representatividade do ator negro e seu personagem negro, ambos marginalizados em suas realidades, é também destacada neste texto, sob o viés das filosofias da religiosidade africana.
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