“Queria ser uma travesti de respeito”: processos de construções identitárias e subjetivas de mulheres trans e travestis na Microrregião do Seridó Oriental paraibano
DOI :
https://doi.org/10.23899/relacult.v7i4.1994Mots-clés :
trajetórias de vida, construção identitárias e subjetivas, mulheres trans, travestis.Résumé
O presente artigo tem como objetivo destacar os processos de construções identitárias e subjetivas de mulheres trans e travestis por intermédio de suas trajetórias de vida, tendo como marcadores sociais de gênero, sexualidade, geração, classe e raça em contextos do espaço familiar na efetivação do processo de transitividade do gênero. Ao longo do texto, estive traçando questões e investigando como as interlocutoras ilustravam seus processos de subjetividade em paralelos de ideias, representações dentro do binarismo de gênero. Tratou-se de uma pesquisa etnográfica realizada na Mesorregião da Borborema, tendo como foco a Microrregião do Seridó Oriental paraibano, geograficamente situada no Nordeste brasileiro. Na referida localidade composta por nove administrações políticas, detive-me a entrevistar interlocutoras das cidades de Cubati (7.234 hab.), Pedra Lavrada (7.475 hab.) e São Vicente do Seridó (10.775 hab.). Essa pesquisa faz parte do meu projeto de doutoramento que tensiona pensar trajetórias de vidas trans nessa microrregião. Como principais resultados, pude perceber como esses corpos ainda estão relegados às redes do patriarcalismo, embora em ambientes familiares diversos, e de que maneira as políticas públicas e de assistencialismo adotadas pelo Estado brasileiro para as pessoas trans ainda são insuficientes, pois são conduzidas, basicamente, em torno do respeito ao nome social, e a campanhas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde no tocante ao tratamento de ISTs, HVI/AIDS, hormonioterapias e o processo transexualizador.
Métriques
Références
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cad. Pagu, Campinas , n. 26, p. 329-376, jun. 2006.
BRASIL. Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1521.htm>. Acesso em 15 mai. 2020.
BENTO, Berenice. “Da transexualidade oficial às transexualidades”. In PISCITELLI, Adriana; GREGORI, Maria Filomena e CARRARA, Sérgio (orgs.), Sexualidade e saberes: convenções e fronteiras. Rio de Janeiro, Garamond, pp. 143-172, 2004.
BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro, Garamond, 2006.
_________________. A distinção: critica social do julgamento. São Paulo/Porto Alegre, Edusp/Zouk, 2007.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
_________________. Cuerpos que importan. Buenos Aires: Paidós, 2008.
_________________. “Performatividad, precariedad y políticas sexuales”. AIBR: Revista de Antropología Iberoamericana, n.3, 4: p.321-336, 2009.
BRITO, C. P. “Já é negro e ainda quer ser travesti?” – Experiências trans de mulheres negras. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA, Brasil, 2006.
CORRÊA, M. Repensando a família patriarcal brasileira. In: CORRÊA, M. et alii. Colcha de retalhos - estudos sobre família no Brasil. Campinas, Ed. Unicamp, 1994, pp.5-16.
CSORDAS, Thomas. (1990). “Embodiment as a Paradigm for Anthropology”. Ethos, v.18: p. 5-47.
_________________. “A Corporeidade como um Paradigma para a Antropologia”. Corpo, significado, cura. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2008.
_________________. “Fenomenologia cultural corporeidade: agência, diferença sexual, e doença”. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 36, n. 3, pp. 292-305, set./dez, 2013.
Dossiê̂ dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019 / Bruna G. Benevides, Sayonara Naider Bonfim Nogueira (Orgs). – São Paulo: Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2020.
FOUCAULT, M. História da Sexualidade, vol. I – A vontade de saber. Rio de Janeiro, Graal, 1982.
GARCÍA, Andrea. “Tacones, siliconas, hormonas. Teoría feminista y experiencias trans en Bogotá”. Tesis para optar el grado de de Magister en Estudios de Género. Bogotá:Universidad Nacional de Colombia, 2018.
GILLIAM, Angela; GILLIAM, Onik'a. Negociando a Subjetividade de Mulata no Brasil. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 525, jan. 1995. ISSN 1806-9584. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/16471>. Acesso em: 07 jan. 2020.
GUPTA, A.; FERGUSON, J. Mais Além da Cultura: espaço, identidade e política da diferença. In: ARANTES, A. (Org.) O Espaço da Diferença. Campinas: Papirus, 2000. pp. 30-49.
HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Tradução de Marcos Santarrita. Estudos feministas,Florianópolis, v. 3, n.2, p. 464-478, ago./dez. 2005.
KULICK, Don. Travesti – prostituição, sexo, gênero e cultura no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2008. 280 p.
MACHADO, L. Perspectivas em confronto: relações de gênero ou patriarcado contemporâneo? Série Antropologia, UnB, Brasília, 2000.
MORA, Claudia; FRANCH, Monica; MAKSUD, Ivia; RIOS, Luis Felipe. Apresentação Dossiê̂ - HIV/AIDS: sexualidades, subjetividades e politicas. REVISTA LATINOAMERICANA, n. 30 – dic, p.141-152, 2018.
MORAWSKA, Catarina. Vozes da Diferença: tempo e transformação entre educadores populares em Pernambuco. ILHA - v. 19, n. 2, p. 213-244, dezembro de 2017.
NASCIMENTO, S.S. Homem com homem, mulher com mulher: paródias sertanejas no interior de Goiás. cadernos Pagu (39), julho-dezembro de 2012:367-402.
_________________. “Variações do feminino: circuitos do universo trans na Paraíba”. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 57 no 2, 2014.
_________________. Fugas e contrapontos na fronteira: reflexões etnográficas sobre transitividades corporais e de gênero no Alto Solimões/AM. Revista antropologia da UFSCAR, 11 (1), jan./jun. 2019: 524-551.
SILVA, Hélio R. Travesti – A invenção do Feminino. Rio de Janeiro: Relume Dumará/ ISER, 1993.
TAUSSIG, Michael. Mimesis and alterity – a particular history of senses. Nova Iorque, Routledge, 1993.
TOTA, Martinho. Cinco Vidas: travestilidade, gênero, sexualidades e etnicidades no interior da Paraíba. REVISTA DE ANTROPOLOGIA, p. 173 – 207, 2015.
PELÚCIO, Larissa. “Na noite nem todos os gatos são pardos: notas sobre prostituição travesti”. Cadernos Pagu, n. 25: 217-248, 2005.
_________________. Nos nervos, na carne, na pele : uma etnografia sobre prostituição travesti e o modelo preventivo de AIDS - São Carlos : UFSCar, 2007. 312 p.
_________________. Abjeção e desejo – uma etnografia travesti sobre o modelo preventivo da Aids. São Paulo, Annablume/Fapesp, 2009.
PINHEIRO, Tarcísio Dunga; MAIA, Igor Fidelis. DOS ESTUDOS FEMINISTAS ÀS EXPERIÊNCIAS TRANS: Contribuições Teórico-Científicas Dos Estudos De Gênero Para A Proeminência Das Vivências Trans. Cronos: Revista da Pós-Grad. em Ciências Sociais, UFRN, Natal, v. 20, n. 1, jan./jun. 2019, ISSN 1982-5560.
PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, Goiânia, vol.11, no 2, jul./dez 2008, pp.263-274.
_________________. Atravessando fronteiras: teorias pós-coloniais e leituras antropológicas sobre feminismos, gênero e mercados do sexo no Brasil. Contemporânea, São Carlos, v. 3, n.2, p. 377-404, 2013.
PINHO, Osmundo. “Putaria”: masculinidade, negritude e desejo no pagode baiano. Maguaré. v. 29, n. 02, 2015, pp. 209-238.
REVOREDO, Marisol Fernández. Identidades trans,
interseccionalidad y las políticas públicas en el Perú. Preparado para presentar en el congreso virtual LASA 2020 de la Asociación de Estudios Latinoamericanos del 13 al 16 de marzo de 2020.
SEFFNER, F. & PARKER, R. “Desperdício da experiência e precarização da vida: momento político contemporâneo da resposta brasileira à aids”. Interface. No. 20, p. 293-304, 2016.
SOUSA, E.T; AMARAL, M.S; SANTOS, D.K. Atuação do GT gênero e sexualidades do CRP-SC: enfrentamentos à lógica patologizante diante de interpelações (cis)normativas. IN: SOUSA, E.T; AMARAL, M.S; SANTOS, D.K. (Org.) Psicologia, travestilidades e transexualidades : compromissos ético-políticos da despatologização Florianópolis: Tribo da Ilha, 2019.
OLIVEIRA, Megg Rayara Gomes de. “Por que você não me abraça? Reflexões a respeito da invisibilização de travestis e mulheres transexuais no movimento social de negras e negros”. Disponível em: . Acesso em 15 mai. 2020
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Jerferson Joyly Medeiros 2021
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale 4.0 International.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.