As representações femininas na obra Desonra de J.M. Coetzee

Auteurs

  • Alyne Sousa Jardim UFT-UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

DOI :

https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1557

Mots-clés :

África do Sul, Apartheid, Condição feminina, Inversão de poder.

Résumé

Este trabalho pretende analisar a representação da condição feminina no romance sul-africano Desonra (1999) do escritor J.M. Coetzee. Traduzido por José Rubens Siqueira e publicado pela editora Companhia das Letras. O romance retrata como pano de fundo, o contexto social pós-colonial na África do Sul e a perda da hegemonia branca. Especificamente o período pós-apartheid marcado por intensos conflitos inter-raciais, sociopolíticos e o medo advindo de duras leis segregacionistas e longos anos de dominação colonial. Período em que foram ceifadas riquezas naturais, culturais, e até mesmo os corpos e vidas dos Sul Africanos. Metaforicamente, a dominação dos corpos femininos corresponde ao ato de colonizar a terra, possuí-la. A obra revisita os acontecimentos históricos, denuncia a violência contra povos nativos e as disputas por território por um viés pouco aprofundado pelas Literaturas pós-coloniais. Através da visão e ação do protagonista David Lurie enfatiza a mudança de posições sociais e inversão de poder que ocorreram nesse período. Explorou o medo sentido em relação à violência do revide histórico, sentiu-se deslocado sem alternativas. Coetzee trabalha todos estes tópicos literariamente para alcançar uma maior ressonância artística. A análise teórica do estudo partirá dos conceitos sobre dominação feminina discutidos por Bourdieu (2002), estudos pós-coloniais e resistência discutidos por Bonnici (2012), Fanon(1968) e Bhabha (2003).   Esta abordagem promove um constante diálogo entre a cultura e o imperialismo para a compreensão de aspectos políticos e culturais em momentos de descolonização com o intuito de favorecer os marginalizados e oprimidos resgatando sua história, sua autonomia, além de promover uma abertura  democrática do debate acadêmico.

Métriques

Chargements des métriques ...

Références

Referências

BEAUVOIR. Simone de. O segundo sexo. Trad. Sérgio Miliet. Rio de Janeiro: Nova. 2000.

BERND, Zilá. Literatura e identidade nacional. Porto Alegre: UFRGS, 2003.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renata Gonçalves. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

BONNICI, Thomas (org). Resistência e intervenção nas literaturas pós-coloniais. Maringá: Eduem, 2009.

BONNICI, Tomas. O pós-colonialismo e a literatura: Estratégias de leitura. 2º ed. Maringá: Eduem, 2012

BONNICI, Thomas, Pós-colonialismo e representação feminina na literatura pós-colonial em inglês. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences. V. 28 N. 1, Maringá: Eduem, 2006. Acessado em 29 de julho de 2018. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/view/178

BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

BOURDIEU, P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

BRUSCHINI, C. (Org.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1992. p. 183-215.

BUTLER, Judith P. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. Tradução, Renato Aguiar. Rio de Janeiro. Ed. Brasileira, 2003.

CINTRA, Antônio O. As comissões de verdade e reconciliação: o caso da África do Sul. Brasília: Biblioteca digital da Câmara dos deputados, 2001.

COETZEE, J. M. Desonra. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

DU PLESSIS, R. B. Writing beyond the ending: narrative Strategies of 20th Century Women Writers. Bloomington: Indiana UP, 1985.

DUBOW, S. Scientific racism in modern South Africa. New York: Cambridge University, 1995.

FANON, F. Black Skin. White Masks. London: Marc Gibbon and Jey. 1968.

FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

FANON, F. The wretched of the earth. Harmondsworth: Penguin, 1961.

MIGUEL, Luis Felipe. Feminismo e política: Uma introdução/Luis Felipe Miguel, Flávia Biroli. 1.ed. São Paulo: Boitempo, 2014.

ROY, A. War talk. Boston: South End, 2003.

SAFFIOTI, H.I. B. Rearticulando gênero e classe social. In: OLVEIRA, A.; BRUSCINI, C. (Org.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. p. 183-215.

Téléchargements

Publiée

2019-05-31

Comment citer

Jardim, A. S. (2019). As representações femininas na obra Desonra de J.M. Coetzee. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 5(5). https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1557

Numéro

Rubrique

II - Seminário Latino-Americano de Estudos em Cultura