Afroindigenismo por Escrito na Amazônia

Autores/as

  • AGENOR SARRAF PACHECO Universidade Federal do Pará. Professor Adjunto III.

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.645

Palabras clave:

Afroindigenismo, Literatura, Zonas de Contato, Amazônia Marajoara

Resumen

Tomando por base a produção literária da poetisa e romancista marajoara Sylvia Helena Tocantins, cruzando com a historiografia brasileira e amazônica sob a perspectiva teórica dos Estudos Pós-Coloniais e Decoloniais, o texto analisa circuitos da presença indígenas, africana e afroindígena na Amazônia Marajoara nas últimas décadas e em exemplificações com os tempos coloniais. Nessas zonas de contato, desvendam-se saberes, fazeres, crenças, costumes, tradições e formas de luta de populações de tradições orais historicamente invisibilizadas ou esteriotipadas pelo poder das escritas colonialistas. Ciente das especificidades e fronteiras porosas existentes entre os campos da literatura e da história, a comunicação procura cotejada e cruzar a narrativa literária com outras narrativas de cronistas, viajantes, historiadores e antropólogos para apreender sinais da história e cultura indígena, africana e afroindígena na região. Nesses escritos, acompanham-se experiências de homens e mulheres de matrizes indígenas e africanas que se esparramaram, apropriaram-se, ressignificaram e compartilharam afeto e táticas para driblar a colonialidade de seus corpos, cosmovisões e sentidos. Deste modo, entre os tempos coloniais e os tempos contemporâneos, histórias, trajetórias e imaginários das culturas indígenas e africanas persistiram, resistiram, sofreram baixas e reinventaram-se nas fronteiras amazônicas. Finalmente, as informações reunidas e trabalhadas acerca da vida e obra de Sylvia Helena Tocantins, em simbiose com diferentes outras escritas, permitiram exercitar práticas de “desobediência epistêmica” para captar o afroindigenismo como postura criativa e problematizadora de essencialismos étnicos que, muitas vezes, negam a interculturalidade dos encontros culturais em territórios da diferença colonial. 

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Biografía del autor/a

AGENOR SARRAF PACHECO, Universidade Federal do Pará. Professor Adjunto III.

Doutor em História Social (PUC-SP, 2009); Mestre em História Social (PUC-SP, 2004); Especialista em Métodos e Técnica em Elaboração de Projetos Sociais (PUC-MG, 2002) e Licenciado Pleno e Bacharel em História (UFPA, 1999). Realizou Estágio de Pós-Doutorado, financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no Programa de Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia (PPGCLC/UNAMA) (06/2015 a 05/2016). Discute teoricamente Estudos Culturais Britânicos, Latino-Americanos, Pensamento Pós-Colonial e Decolonial nas interfaces com os campos da História, Antropologia, Museologia, Arte, Comunicação, Literatura e Educação. Tem experiência na área de História Social da Cultura, História Sociocultural da Amazônia e da Amazônia Marajoara, História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Afroindígena. Coordena o Grupo de Pesquisa Estudos Culturais na Amazônia (GECA/CNPq/UFPA). Professor Adjunto II da Universidade Federal do Pará (UFPA), lotado no Instituto de Ciências da Arte (ICA), vinculado à Faculdade de Artes (FAV), ao Curso de Museologia e aos Programas de Pós-Graduação em História Social da Amazônia (PPHIST) e Antropologia (PPGA). Foi Diretor do Arquivo Público do Estado do Pará (APEP) no período de 09/2012 a 07/2016. Atua especialmente nos temas: Patrimônio, Cosmologia, Religiosidade, Cartografia, Oralidade, Memória, Identidade, Visualidade, Interculturalidade, Saber Local, Cidade-Floresta e Zonas de Contato Afroindígena.

Citas

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Publicado

2017-12-31

Cómo citar

PACHECO, A. S. (2017). Afroindigenismo por Escrito na Amazônia. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 3(3). https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.645

Número

Sección

Artigos - Fluxo Contínuo

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