A presença de haitianos no oeste catarinense: o encontro com a branquitude
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1549Palabras clave:
Branquitude, Haitianos, Identidade, Representação racial, Santa CatarinaResumen
O objetivo desse artigo é evidenciar os significados atribuídos por estudantes universitários haitianos de uma universidade brasileira às suas experiências no Oeste Catarinense, seja como moradores da cidade de Chapecó e/ou região, seja como estudantes da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul). Trata-se dos resultados de uma pesquisa sobre a integração haitiana no Oeste Catarinense em andamento, financiada pela FAPESC (Chamada pública 07/2015), que tem como objetivo investigar a presença negra, por meio da imigração haitiana, em uma região do país que constrói a sua identidade a partir da afirmação da branquitude, construída no marco de uma origem europeia sempre reivindicada em oposição aos povos racializados: indígenas e caboclos. Será explorado como os estudantes haitianos, a partir de suas experiências, têm significado, percebido e reagido a esse encontro com a branquitude. Os estudantes haitianos em suas narrativas sobre as relações que estabelecem com a cidade e com a universidade percebem e evidenciam relações de poder construídas por meio do sistema de representação racial? A tendência desses estudantes seria enfatizar ou minimizar o impacto do elemento racial como condiciontante de suas experiências na cidade de Chapecó e região? Existe a percepção por esses estudantes de que ocupam o lugar de outsiders na região Oeste Catarinense? Foram realizadas quinze entrevistas semiestruturadas com estudantes universitários haitianos. Para a análise dos dados coletados, tem-se utilizado os estudos sobre branquitude, as contribuições de Stuart Hall, Frantz Fanon, Norbert Elias e John Scotson, autores que nos possibilitam pensar a relação entre identidades e as estruturas de poder constituídas no marco da experiência colonial e da escravidão.
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