“PERGUNTE À TERRA E ESCUTE O QUE ELA IRÁ TE DIZER”: VOZES NEGRAS NA ENCRUZILHADA DE DESCOLONIZAÇÃO ANTROPOLÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.23899/xajaw830Palabras clave:
Antropologia; pesquisa; mulheres negras; terreiros.Resumen
Este ensaio teórico aborda a pesquisa antropológica junto às comunidades de terreiro na região da fronteira Brasil-Uruguai enquanto prática de pesquisa descolonial. Propõe-se a descolonização teórico-epistemológica, política, estética e ética do campo da Antropologia mediante a produção de pesquisas que contemplem estudos de intelectuais negros/as, não só do campo antropológico, como também de autoras/es ativistas dos movimentos negros, em vista de colocar em discussão a perspectiva eurocêntrica, branca, machista e elitista que sustenta a ciência antropológica e a posiciona como conhecimento hegemônico. Colonialidade do saber e do poder que impõe a posição de subalternidade aos saberes, poderes e fazeres de sujeitos e coletividades negros/as e pessoas pretas. Compreende-se que a descolonização da Antropologia requer o deslocamento dessa relação opressiva do poder-saber científico hegemônico. Um giro epistemológico antirracista e antissexista na prática da pesquisa antropológica que se dá a partir das epistemologias negras e dos saberes, poderes e fazeres das coletividades que criam e recriam sua própria cultura baseada na preservação da ancestralidade, de valores enraizados na ligação com a terra de origem e a vida comunitária, como os povos dos terreiros. Por meio do engajamento epistêmico e político contra hegemônico, as cosmovisões negras tornam-se fonte de inspiração e expressão da produção científica renovada através da pesquisa antropológica, forças de subversão do pacto da branquitude. Nesse deslocamento político, estético, ético e teórico-epistêmico, de produção e disseminação de saberes negros insurgentes, mulheres pretas têm assumido o protagonismo enquanto autoras e ativistas. Afirma-se, assim, a necessidade de uma ação investigativa que propicie a produção de conhecimentos também no campo da Antropologia, capaz de repensá-la e reescrevê-la sob perspectiva contra hegemônica que nasce nas culturas tradicionais africanas e afro-brasileiras e se multiplica sob o viés insurgente de autores/as negros/as.
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