Análise do sistema de classificação por cor/ raça no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1442Palabras clave:
desigualdade, identidades sociais, racismo, relações raciais, sistema de classificaçãoResumen
O Brasil é o país com a maior população afrodescendente de toda América Latina. O processo de colonização portuguesa, ao introduzir o trabalho compulsório de nativos dos mais diferentes grupos sociais africanos e privilegiar a povoação e controle do território via intercurso sexual com nativos indígenas e escravos, deu origem a uma nação miscigenada e, ao mesmo tempo, marcada por uma ampla desigualdade social e econômica que assume perceptíveis traços raciais. O sistema de classificação de raça/ cor que se desenvolveu no Brasil está intimamente relacionado ao processo colonial. Nos dias atuais, pode-se dizer que há dois grandes sistemas de classificação étnico-racial no país: o oficial e o de uso cotidiano. O oficial está assentado em cinco categorias, quatro referentes à cor (branco, preto, pardo e amarelo) e uma referente à etnia (indígena). O sistema de uso cotidiano, mais flexível que o sistema oficial, varia segundo o tipo de interação interpessoal. Ambos os sistemas de classificação racial, no entanto, estão assentados nas características físicas dos sujeitos (com exceção da categoria oficial “indígena”), tendo a cor da pele como elemento fundamental no processo de classificação. No entanto, nos últimos 20 anos, a lenta e silenciosa ascensão socioeconômica de parcelas da população negra brasileira, o processo de discussão das desigualdades sócio-raciais, a emergência de diferentes políticas de combate à desigualdade social e a implantação de políticas compensatórias focadas na população negra tem gerado amplos debates públicos entre pesquisadores, gestores e militantes de movimentos sociais a respeito das categorias de classificação e seus usos. É neste contexto que o presente artigo discute o sistema de classificação racial, sua estruturação, transformações e usos cotidianos, focando na população negra brasileira.
Referencias
AZEVEDO, T de. As elites de cor: um estudo sobre ascensão social. São Paulo: Nacional, 1955.
CARVALHO, J.A.M. de; WOOD, C.H. & ANDRADE, F.C.D. Notas acerca das categorias de cor dos censos e sobre a classificação subjetiva de cor no Brasil: 1980/1990. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 20, n.1, jan./jun. 2003
FARIAS, Patrícia Silveira. Pegando uma cor na praia. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 2003.
FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus Editora/ Editora da Universidade de São Paulo, 1965.
FIGUEIREDO, Ângela. Fora do jogo: a experiência dos negros na classe média brasileira. Caderno Pagu. n° 23. Campinas: 2004.
______Novas elites de cor: estudo sobre os profissionais liberais negros de Salvador. UCAM. Rio de Janeiro: 2002.
______Maldita ou bendita classe média negra? Revista Interseções. Ano 6. n°1. Rio de Janeiro: 2004
FRY, Peter. A persistência da raça: ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2005.
GUERREIRO RAMOS, Alberto. Introdução crítica a sociologia brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. A questão racial na política brasileira (os últimos quinze anos). Tempo Social; Ver. Sociol. USP, São Paulo, 13(2): 121-142, novembro de 2001.
HERINGER, Rosana. Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo da política pública no Brasil. Rio de Janeiro: Cad. de Saúde Pública, nº 18, 2002.
HASENBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2005
______SILVA, Nelson do Valle e LIMA, Márcia. Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 1999
LIMA, Márcia & Abdal, Alexandre. Educação e trabalho: a inserção dos ocupados de nível superior no mercado formal. Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 9, nº17, jan/jun. 2007, p.216 – 238.
SHERIFF, Robin E. Como os senhores chamavam os escravos: discursos sobre cor, raça e racismo num morro carioca. In MAGGIE, Yvonne e REZENDE, Claudia Barcellos (org.). Raça como retórica: a construção da diferença. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
MAIO, Marcos Chor; MONTEIRO, Simone; CHOR, Dóra; FAERSTEIN, Eduardo e LOPES, Claudia S. Cor e raça no Estudo Pró-Saúde: resultado comparativo de dois métodos de autoclassificação no Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(1): 171- 180, jan-fev., 2005.
NOGUEIRA, Oracy. Tanto preto quanto branco: estudo de relações raciais. São Paulo: T.A. Queiroz Editor, 1985.
PALACIOS, Guillermo. Revoltas camponesas no Brasil escravista: a ‘Guerra dos Maribondos’ (Pernambuco, 1851-1852). Revista Almanack Braziliense, nº03, maio, 2006.
PINTO, L.A. Costa. O Negro no Rio de Janeiro: relações de raça numa sociedade em mudança. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998.
SANSONE, Lívio. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção da cultura negra do Brasil. EDUFBA/ Pallas. Salvador: 2004.
SOARES, Reinaldo da Silva. Negros de classe média em São Paulo: estilo de vida e identidade negra. Tese de Doutorado: FFLCH USP. São Paulo: 2004.
______O cotidiano de uma escola de samba paulista: o caso do Vai-Vai. Dissertação de Mestrado: FFLCH USP. São Paulo: 1999.
SOUZA, Guilherme Nogueira de. Os negros ascendentes na região metropolitana do Rio de Janeiro: trajetórias e perspectivas. Tese de Doutorado: PPCIS/UERJ. Rio de Janeiro, 2012.
______Os negros de camadas médias no Rio de Janeiro: um estudo sobre identidades sociais. Dissertação de Mestrado: PPCIS/UERJ. Rio de Janeiro, 2008.
SCHWARTZMAN, Simon. Fora de foco: diversidade e identidades étnicas no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, 55, novembro 1999, pp. 83-96
TEIXEIRA, Moema de Poli. Negros na universidade. Rio de Janeiro: Pallas, 2003
VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 2004
______Subjetividade e sociedade: uma experiência de geração. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
WOOD, C.H. e CARVALHO, J.A.M, de. Categorias do censo e classificação subjetiva de cor no Brasil. Revista brasileira de estudos de população, v.11, n.1, 1994.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista aceptan los siguientes términos:
Los autores conservan los derechos de autor de sus obras y conceden a RELACult el derecho de primera publicación. Todos los artículos están simultáneamente licenciados bajo Creative Commons Atribución 4.0 Internacional (CC BY 4.0), lo que permite el intercambio, distribución, copia, adaptación y uso comercial, siempre que se otorgue el crédito correspondiente a la autoría original y se indique la primera publicación en esta revista.
RELACult pone todo su contenido a disposición en acceso abierto, ampliando la visibilidad y el impacto de los trabajos publicados. La información de contacto proporcionada en el sistema de envío se utiliza exclusivamente para la comunicación editorial y no será compartida para otros fines.