Artesão ou guasqueiro: Uma discussão sobre identidade e Memória
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v3i2.422Keywords:
Guasqueria, Identidad, Memória, Cuero-crudo, Artesania.Abstract
O artesanato em couro, guasquería, é uma prática tradicional que se mantém na contemporaneidade através das transformações de significados dos objetos produzidos e pela adoção de novos materiais de produção. As técnicas de produção são manuais, o que a caracteriza como artesanato. Possui forte ligação com a zona rural, principalmente com as atividades equestres. Nosso objetivo foi promover a análise desse processo artesanal tradicional do artefato em couro (guasquería) na cidade de Jaguarão e sua influência na identidade de seus praticantes, levando em conta o saber/fazer do artesão/guasqueiro para compreender se houve modificações e como ocorre a conservação-transformação das técnicas de produção. A metodologia consistiu em uma proposta etnográfica através de entrevista semiestruturada com 04 artesãos/guasqueiro. Como principais resultados podemos destacar: a partir das narrativas de nossos informantes que todos os entrevistados viveram ou trabalharam na zona rural; persistem as técnicas tradicionais/contemporâneas e o modo de produção; continua o saber/fazer apreendido pela transmissão de conhecimento entre indivíduos que possuíam laços íntimos com o aprendiz; o meio urbano/rural em que a prática de guasquería é um artesanato “rural”, onde seus criadores vivem em espaço urbano; por fim, a visão do guasqueiro, em relação ao sua identidade, é de se considerar guasqueiro por trabalhar com couro cru e artesão por trabalhar de forma manual. Concluímos que os praticantes desse oficio se consideram guasqueiros, mas também, artesão. Em um diálogo não conflituoso. O eu guasqueiro e o eu artesão se complementam.
Metrics
References
BERGSON, Henri. Matéria e Memória. Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. SP: Martins Fontes, 1990.
BORGES, A. Design + Artesanato – O caminho brasileiro. São Paulo: Terceiro Nome, 2011.
BOSI, Ecléia. Memória e Sociedade: Lembrança de velhos. SP: Companhia das Letras, 1985.
CANCLINI, Néstor G. As Culturas Populares no Capitalismo. Trad. Cláudio N.P. Coelho. São Paulo: Brasiliense, 1983.
CANDAU, Joel. Memória e identidade. Tradução: Maria Leticia Ferreira. São Paulo: Contexto, 2011.
COVELO, Natalia; MATEOS, Cristina. Mercado De Artesanías En El Uruguay. Monografia. Faculdad de la Republica, 2010.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1991.
GARCÍA, Rocío. De la yerra a la Vitrina: Transformaciones contemporáneas de la guasquería. Montevideo: Trama Revista de Cultura y Patrimonio. ano 1, nº 1, setembro 2009.
DUPEY, Ana María. La Práctica Del Antropólogo En Un Proyecto De Desarrollo Artesanal Entre Teleras De Santiago Del Estero Y Cesteras Del Pueblo Pilagá. Revista del CIDAP: Artesanías de América, nº 62, 2006.
ERICKSON, F. Qualitative methods in research on teaching. In: WITTROCK, M. C. (Ed.). Handbook of research on teaching. 3. ed. New York: Macmillan Publishing Company, 1986, p.119-161.
FONTANA, A.; FREY, J.H. The interview, from structured questions to negotiated text. In: DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y.S. Handbook of qualitative research. 2nd. Ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 2000, p. 645-672.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: UNESP, 1991.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2004.
HALBWACHS, Maurice. Los marcos sociales de la memoria. Caracas: Anthropos Editorial, 2004.
HOBSBAWM, Eric & RANGER, Terence. A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1984.JAMESON, Frederic. Una modernidad singular: Ensayo sobre la ontologia del presente. Barcelona; Gedisa; 2004.
KELLER, Paulo. O artesão e a economia do artesanato na Sociedade contemporânea. Maranhão: Revista de Ciências Sociais Política e Trabalho, 2014.
LACARRIEU, Mónica.El patrimonio cultural inmaterial: un recurso político en el espacio de la Cultura Pública Local. Santiago de Chile: DIBAM, 2004.
LENCLUD, Gérard. A Tradição não é mais o que era: Sobre as noções de Tradição e de Sociedade Tradicional em Etnologia. Brasília: História, histórias. vol. 1, n. 1, 2013.
MACDOUGALL, David. The visual in Anthropology. In. The corporeal image. Film, ethnography and the senses. Princeton, New Jersey, Princeton University Press, 2006.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: Uma Introdução. São Paulo: Atlas, 2011
ROTMAN, Mónica. Las múltiples y Complejas Articulaciones entre los Campos del Patrimonio y de las Artesanías. In: Diversidade Cultural y Estado: Escenários y desafios de hoy. Argentina: Primer Encuentro Nacional de Patrimonio Vivo, 2015.
THOMPSON, E.P. Costumes em comum – Estudos sobre cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
TASSO, Alberto. Teleras y sogueros. La artesanía tradicional de Santiago del Estero entre la cultura, la historia y el mercado. Buenos Aires: V Congreso Nacional de Estudios del Trabajo, 2001.
UNESCO. Convención para la salvaguardia del patrimonio cultural inmaterial. 32ª Conferencia General, 2003. París. Disponível em: http://portal.unesco.org Acessado em: 22 de Julho de 2016.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.