Um olhar sobre a condição feminina no filme Roma
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v6i4.1766Keywords:
Cinema, decolonial, feminino, mulheres, Roma.Abstract
Tendo como pano de fundo as revoltas políticas do início dos anos de 1970 na Cidade do México, Roma (Alfonso Cuarón, 2018) acompanha a vida de uma família de classe média a partir de uma personagem central: Cleo, a babá e empregada doméstica que trabalha para a família. As vidas de Cleo, de origem indígena e Sofia, a patroa branca, são conectadas pela experiência da solidão feminina, do cotidiano doméstico e familiar, da maternidade e do abandono masculino, embora se distanciem profundamente pelo contraste social que demarca uma fronteira simbólica entre as duas. Este trabalho busca analisar a condição feminina a partir destas duas personagens centrais do filme, considerando tanto a condição que compartilham enquanto mulheres dentro de uma mesma estrutura de dominação patriarcal, como também a situação específica vivida por cada uma dentro desta sociedade, balizada por diferenças de raça e classe. O fio condutor da narrativa se apoia nesse movimento de costura entre as diferenças e semelhanças das duas personagens e as formas específicas como sintetizam e materializam a condição feminina. Buscamos analisar visualmente e narrativamente como se constroem estes contrastes a partir das interações íntimas e produções cotidianas das personagens entre si e com o espaço. Partimos de uma leitura decolonial que busca evidenciar a continuidade e atualização das formas de dominação coloniais, cuja base é a divisão racial do trabalho e o poder patriarcal, e que deixam profundas marcas na experiência vivida pelas mulheres latino-americanas.
References
BARTHES, Roland. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 1989.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2a ed. Tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução: coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
JUNG, Carl G. Os arquétipos do inconsciente coletivo. Petrópolis/RJ: Vozes, 2013.
KAPLAN, E. Ann. O olhar é masculino? In: ______. A mulher e o cinema. Os dois lados da câmera. Tradução: Helen Marcia Potter Pessoa. Rocco: Rio de Janeiro, 1995. p. 43-60.
LAGARDE, Marcela y de los Rios. Los cautiverios de las mujeres: madresposas, monjas, putas, presas y locas. Colección Posgrado, 4ª ed. México, D.F: Universidad Nacional Autónoma de México, 2005.
LAURETIS, Teresa de. Technologies of Gender: Essays on Theory, Film, and Fiction. Bloomington: Indiana University Press, 1987.
LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, 22(3):320, set-dez/2014, p. 935-952.
MIGNOLO, Walter D. COLONIALIDADE: O lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira De Ciências Sociais, Vol. 32 n° 94 junho/2017, p. 1-18. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v32n94/0102-6909-rbcsoc-3294022017.pdf . Último acesso em: 30 dez. 2019.
MULVEY, Laura. Afterthoughts on ‘Visual Pleasure and Narrative Cinema’ inspired by King Vidor’s Duel in the Sun (1946). In: ______. Visual and Other Pleasures. Language, Discourse, Society. Londres: Palgrave Macmillan, 1989. p. 29-38.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2017.
QUIJANO, Aníbal. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Edgardo Lander (org). Coleccin Sur Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina, 2005. P. 107-130.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder e Classificação Social. in: SANTOS, Boaventura. MENESES, Maria Paula (org). Epistemologias do Sul. Almedina, Coimbra, 2009, p. 73-117.
ROCHA, Glauber. Uma Estética da Fome. Artigo originalmente publicado na revista Civilização Brasileira, n. 3, em 1965. Disponível em: https://movimentorevista.com.br/2018/08/uma-estetica-da-fome-glauber-rocha/. Último acesso em: 30 dez 2019.
TIBURI, Márcia. Ofélia morta – do discurso à imagem. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 301-318, maio-agosto de 2010. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-026X2010000200002>. Último acesso em: 30 dez 2019.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
Authors retain the copyright of their works and grant RELACult the right of first publication. All articles are simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), which allows sharing, distribution, copying, adaptation, and commercial use, provided that proper credit is given to the original authorship and the first publication in this journal is acknowledged.
RELACult makes all of its content openly accessible, thereby increasing the visibility and impact of the published works. The contact information provided in the submission system is used exclusively for editorial communication and will not be shared for any other purpose.