A mulher negra na perspectiva da representação da Mulata do Ziriguidum
DOI:
https://doi.org/10.23899/4mtdet63Palavras-chave:
Mulata; Ziriguidum; Sargentelli; HipersexualizaçãoResumo
O presente estudo procura suscitar reflexões a respeito da mulher negra na perspectiva da representação da Mulata do Ziriguidum no contexto da sociedade brasileira, a partir do programa “As Mulatas do Sargentelli”, apresentado na TV aberta durante as décadas de 1970 e 1980 com atrações que iam desde entrevistas de convidados, apresentações de músicos brasileiros e estrangeiros tendo como ritmo principal o samba e o rebolado das belas Mulatas. Aqui questionamos como a objetificação, hipersexualização e exotificação do corpo negro retratada na figura das mulheres consideradas mulatas, as quais eram intencionalmente expostas em rede nacional. De abordagem qualitativa, a metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de livros teóricos e artigos que dissertam sobre as questões de gênero, raça, classe, cultura e suas interseccionalidades, bem como recursos audiovisuais, em que foram analisados vídeos do YouTube, entrevistas em programas televisivos e imagens de revistas da época. Tais materiais foram elencados devido à importância do tema para o aprofundamento nos estudos raciais e de gênero e, também, para retratar as noções que perpassam a temática da mulher negra e um histórico de dominação, exploração e apagamento de seus corpos. Conclui-se que há uma invisibilidade gestada e orquestrada pelo modus operandi da branquitude, somada à objetificação e exploração dos corpos das mulheres negras.
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