Prática pedagógica decolonial: professora negra e a desconstrução do uso exclusivo de autores brancos na redação do ENEM de 2023
DOI:
https://doi.org/10.23899/rsfhys34Palavras-chave:
Decolonialidade, Docência, enem, RedaçãoResumo
Este trabalho enfatiza a urgência de práticas pedagógicas decoloniais no ensino de repertórios socioculturais na redação do ENEM, considerando sua importância para a construção crítica de argumentos. A análise parte do tema da redação de 2023, “Os desafios para a valorização do trabalho de cuidado da mulher no Brasil”, e evidencia a ausência de referências de intelectuais negros entre os repertórios citados nas redações nota máxima. A pesquisa bibliográfica revelou que 76,5% dos autores citados são brancos, apontando a perpetuação de um projeto educacional branquecentrista que invisibiliza a produção intelectual negra. A partir disso, a prática docente decolonial proposta busca romper com essa lógica ao valorizar narrativas e saberes historicamente marginalizados, resgatando as contribuições de autores negros e de outros grupos subalternizados. Essa abordagem considera a educação como um ato político, capaz de transgredir estruturas de poder e promover uma formação intercultural e inclusiva. Ela também questiona o ideal hegemônico de neutralidade no ensino, ao fomentar a criticidade e a representatividade no espaço escolar. Dessa forma, os resultados apontam que a prática pedagógica alinhada à perspectiva decolonial não apenas amplia o repertório cultural dos estudantes, mas também contribui para desconstruir estigmas e desigualdades históricas, ressignificando o lugar das minorias na produção do conhecimento. Conclui-se que a integração de práticas educativas decoloniais no preparo para o ENEM é fundamental para transformar a redação em um espaço de resistência e emancipação.
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