A gênese do IPHAN e o pensamento autoritário
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v10i1.2523Palavras-chave:
Patrimônio; Autoritarismo; Estado.Resumo
Este artigo tem por objetivo caracterizar a formação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a partir de seu viés ideológico construído pelos intelectuais que participaram da criação do órgão máximo de gestão do patrimônio cultural brasileiro, no momento de instauração do regime autoritário do Estado Novo. Para decidir o que deveria ser preservado ou não do patrimônio edificado foi formulado o conceito de Patrimônio Nacional entendido como a arquitetura barroca luso-brasileira erigida como o símbolo da nação. Tal ideologia possibilitou em parte que o regime Varguista consolidasse no imaginário da sociedade uma origem comum do povo brasileiro calcado no chamado patrimônio de pedra e cal. No instante em que o pensamento autoritário exigia a intervenção de um Estado ditatorial conduzindo a sociedade nasce um órgão controlado por intelectuais que tinham uma vinculação ao movimento modernista e que acabam participando deste Estado autoritário. Analisar essa relação entre intelectuais modernistas na área do patrimônio cultural e o Estado Novo, sua influência no conceito de patrimônio nacional e suas implicações na constituição do IPHAN e sua política de preservação patrimonial é o escopo deste trabalho com vista a identificar elementos do pensamento autoritário em um discurso considerado por seus formuladores como puramente técnico e despojado de conteúdo ideológico.
Referências
Campos, Francisco. O Estado nacional. Rio de Janeiro: D.N.P., 1938.
Chuva, Márcia Regina Romeiro. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930-1940). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
Fonseca, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 3. Ed. Ver. ampl. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008.
Gomes, Ângela de Castro. Autoritarismo e corporativismo no Brasil: o legado de Vargas. Revista USP. São Paulo, n. 65, p. 105-119, março/maio 2005.
Lamounier, Bolívar. Formação de um pensamento político autoritário na Primeira República – uma interpretação. In: Fausto, Boris (org). História Geral da Civilização Brasileira. T. III – O Brasil Republicano, v.2 cap. 10. 3. Ed. São Paulo: Difel, 1985.
Paranhos, Adalberto. O coro da unanimidade nacional: o culto ao “Estado Novo”. Revista de Sociologia e Política. n. 9, 1997. P. 25-45.
Pécaut, Daniel. Os intelectuais e a política no Brasil: entre o povo e a nação. trad. Maria Júlia Goldwasser. São Paulo: Editora Ática, 1990.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Alexandre Villas Bôas

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores retêm os direitos autorais de suas obras e concedem à RELACult o direito de primeira publicação. Todos os artigos são simultaneamente licenciados sob Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), permitindo o compartilhamento, distribuição, cópia, adaptação e uso comercial desde que atribuída a autoria original e indicada a primeira publicação nesta revista.
A RELACult disponibiliza todo o seu conteúdo em acesso aberto, ampliando a visibilidade e o impacto dos trabalhos publicados. As informações de contato fornecidas no sistema de submissão são utilizadas exclusivamente para comunicação editorial e não serão compartilhadas para outros fins.