Migração e ergologia
compreendendo o prescrito e o real da atividade migratória
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v9i2.2353Palavras-chave:
atividade humana; ergologia; Haiti; migração; psicologia do trabalhoResumo
Este artigo se insere nas discussões feitas a partir da pesquisa em curso intitulada Dinâmicas migratórias dos trabalhadores haitianos em Belo Horizonte: precariedade transnacional, que tem como foco compreender as dinâmicas migratórias de trabalhadores haitianos em Belo Horizonte e região metropolitana, a partir da ideia de uma existência precária tanto no Haiti quanto no país de destino. Nesta escrita objetivamos compreender quais os processos estão envolvidos na passagem do plano da migração para a experiência real de ser migrante a partir da compreensão de que migrar é uma atividade humana. Para isso, articulamos a Ergologia e conceitualizações/experiências de migração que compreendem os deslocamentos como consequência de causas diversas e motivações que não se encerram no sujeito e nem se definem unicamente no nível da fronteira. Ao compreender o projeto migratório como uma atividade, é possível afirmar que há uma atividade prescrita e uma atividade real e, interessa-nos compreender o que acontece nessa distância. O sujeito em mobilidade constantemente renormaliza, buscando saídas individuais e coletivas para criar normas que possibilitem sua existência. Assim, a perspectiva ergológica, ao partir do ponto de vista da atividade humana, oferece-nos uma ampliação na compreensão dos projetos migratórios, possibilitando a compreensão dos impactos psicossociais da experiência de migrar. Tal ampliação pode contribuir para a construção de políticas públicas de acolhimento a migrantes e refugiados ao centralizar condições concretas de existência dos sujeitos migrantes.
Referências
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
BARROS, C. R. Trabalho e território de haitianos na região metropolitana de Belo Horizonte:precariedade e resistência. 2017. Tese (Doutorado em Psicologia Social) - Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.
BARROS, Carolyne Reis e GEORGES, Phanel. A lei da viagem: situação de migrantes, refugiados eapátridas na pandemia. In: GUIMARÃES, Ludmila., CARRETEIRO, Tereza e NASCIUTTI, Jaciara. Janelas da Pandemia. Belo Horizonte: Instituto DH. pp.329-340, 2020.
BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015
CASTEL, Robert. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 1998.
CUNHA, Daisy Moreira (Org.) Trabalho: minas de saberes e valores. 1 ed. Belo Horizonte: Núcleo de Estudos Sobre Trabalho e Educação, 2007.
CUNHA, Daisy Moreira. Ergologia e psicossociologia do trabalho: desconforto intelectual, interseções conceituais e trabalho em comum. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, v. 17, n. spe1, p. 55-64, 2014.
DANTAS, Sylvia. Saúde mental, interculturalidade e imigração. Revista USP, n. 114, p. 55-70, 2017.
DURRIVE, Louis.; SCHWARTZ, Yves. Glossário da ergologia. Laboreal, 4 (1), 23-28. 2008.
FAUSTINO, Deivison Mendes; OLIVEIRA, Leila Maria de. Xeno-racismo ou xenofobia racializada? Problematizando a hospitalidade seletiva aos estrangeiros no Brasil. REMHU: revista interdisciplinar da mobilidade humana, v. 29, p. 193-210, 2022
FERREIRA, Luciane C.; FLISTER, Catarina Valle; MOROSINI, Cassio. The representation of refuge and migration in the online media in Brazil and abroad: a Cognitive Linguistics analysis. Signo, v. 42, n. 75, p. 59-66, 2017.
GOMES, Marcela Andrade. Os impactos subjetivos dos fluxos migratórios: os haitianos em Florianópolis (SC). Psicologia & Sociedade, v. 29, 2017.
HANDERSON, J. Diáspora, refugiado, migrante: perspectiva etnográfica em mobilidade e transfronteiriça. Sociedade e Cultura, v. 20, n. 2, 2017.
LHUILIER, Dominique. O agir em psicossociologia do trabalho. Psicologia em Revista, v. 23, n. 1, p. 295-311, 2017.
Observatório Internacional de Migrações [OIM]. Glossário sobre Migração. Direito Internacional da Migração, 2009
PONTES, Cátia Regina Machado; SANTOS, Eloisa Helena. Debate de normas e valores vivenciado pelo sujeito na atividade do trabalho. Revista Agenda Social, v. 9, n. 1, p. 8-18, 2016.
SASSEN, S. Sociologia da Globalização. Porto Alegre. Editora Artmed. 2010, 2010
SAYAD, A. Imigração ou os Paradoxos da Alteridade. São Paulo: Edusp, 1998.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.
SCHWARTZ, Yves. Abordagem ergológica e necessidade de interfaces pluridisciplinares. ReVEL, edição especial n. 11, p. 253-264, 2016.
SCHWARTZ, Yves. Qual sujeito para qual experiência? Tempus. Actas de Saúde Coletiva, v. 5, n. 1, p. 11-23, 2011.
SCHWARTZ, Yves. Um breve panorama da história cultural do conceito de atividade. No Prelo, 2021.
SCHWARTZ, Yves; DURRIVE, Louis. Trabalho e ergologia: conversas sobre a atividade humana. Niterói: EdUFF, p. 191-206, 2007.
SCHWARTZ, Yves; DURRIVE, Louis. Trabalho e ergologia: conversas sobre a atividade humana 2. Editora Fabrefactum, 2015.
VIEIRA JÚNIOR, P. R.; SANTOS, E. H. A gênese da perspectiva ergológica: cenário de construção e conceitos derivados. Trabalho & Educação, v. 21, n. 1, p. 83-100, 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Milena Cristina da Silva Varges, Maryana Pereira Jacomé, Carolyne Reis Barros

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores retêm os direitos autorais de suas obras e concedem à RELACult o direito de primeira publicação. Todos os artigos são simultaneamente licenciados sob Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), permitindo o compartilhamento, distribuição, cópia, adaptação e uso comercial desde que atribuída a autoria original e indicada a primeira publicação nesta revista.
A RELACult disponibiliza todo o seu conteúdo em acesso aberto, ampliando a visibilidade e o impacto dos trabalhos publicados. As informações de contato fornecidas no sistema de submissão são utilizadas exclusivamente para comunicação editorial e não serão compartilhadas para outros fins.