Escrita Epistolar – cartografias de uma epistemologia feminista
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1444Palavras-chave:
escrita acadêmica, escrita epistolar, epistemologia, feminismo, subjetividadesResumo
A estética de um texto acadêmico não reflete somente nossas influências teóricas; ela é, antes de tudo, um meio de expressão. Deste modo, a escolha por como escrever um texto não está relacionada apenas ao molde que se é cobrado, ela é também baseada em uma biblioteca de referências que vamos nutrindo. Quando nos questionamos sobre as influências teóricas que fundam nossos saberes, há em suas bases muitas mulheres? Dentre elas, há muitas mulheres negras? Quais são as nacionalidades? E pensando no gênero acadêmico, como os grupos sócio-acêntricos se comportam diante da cobrança de uma escrita padrão? Nessa estética, que também é ética, o que se imprimem/exprimem deles? Partindo desses questionamentos como dispositivos, busco refletir neste artigo sobre a escrita acadêmica, focando nas implicações epistemológicas existentes entre a forma e o conteúdo. O gênero acadêmico é técnico e regulado e, portanto, busca negar uma escrita pessoal, emotiva, de experiências subjetivas. Ademais, menos que uma tentativa de universalizar uma forma, é a negação de alguns conteúdos e temas, que somente são passíveis de materialização sobre uma estética Outra. Ao refletir sobre essas questões, utilizo a minha própria escrita para isso. Desse modo, escolho uma escrita epistolar, no sentido proposto por Deleuze e Guattari, como uma espécie de literatura menor, que se configura como escolha e posicionamento ético/estético capaz de fomentar a reflexibilidade do processo da escrita e de cartografar algumas desestabilizações dos saberes consagrados, o que as epistemologias feministas permitem.
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