Análise do sistema de classificação por cor/ raça no Brasil

Autores

  • Guilherme Nogueira de Souza Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1442

Palavras-chave:

desigualdade, identidades sociais, racismo, relações raciais, sistema de classificação

Resumo

O Brasil é o país com a maior população afrodescendente de toda América Latina. O processo de colonização portuguesa, ao introduzir o trabalho compulsório de nativos dos mais diferentes grupos sociais africanos e privilegiar a povoação e controle do território via intercurso sexual com nativos indígenas e escravos, deu origem a uma nação miscigenada e, ao mesmo tempo, marcada por uma ampla desigualdade social e econômica que assume perceptíveis traços raciais. O sistema de classificação de raça/ cor que se desenvolveu no Brasil está intimamente relacionado ao processo colonial. Nos dias atuais, pode-se dizer que há dois grandes sistemas de classificação étnico-racial no país: o oficial e o de uso cotidiano. O oficial está assentado em cinco categorias, quatro referentes à cor (branco, preto, pardo e amarelo) e uma referente à etnia (indígena). O sistema de uso cotidiano, mais flexível que o sistema oficial, varia segundo o tipo de interação interpessoal. Ambos os sistemas de classificação racial, no entanto, estão assentados nas características físicas dos sujeitos (com exceção da categoria oficial “indígena”), tendo a cor da pele como elemento fundamental no processo de classificação. No entanto, nos últimos 20 anos, a lenta e silenciosa ascensão socioeconômica de parcelas da população negra brasileira, o processo de discussão das desigualdades sócio-raciais, a emergência de diferentes políticas de combate à desigualdade social e a implantação de políticas compensatórias focadas na população negra tem gerado amplos debates públicos entre pesquisadores, gestores e militantes de movimentos sociais a respeito das categorias de classificação e seus usos. É neste contexto que o presente artigo discute o sistema de classificação racial, sua estruturação, transformações e usos cotidianos, focando na população negra brasileira.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Guilherme Nogueira de Souza, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2005), mestrado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2008) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2012). Atualmente é professor adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, subchefe do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia (DCHF) do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira - CAp/UERJ e coordenador do Laboratório de Pesquisa e Ensino em Ciências Sociais - LEPCS. Tem experiência na área de Antropologia e ensino em Ciências Sociais com ênfase em Identidades Sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: relações raciais, mobilidade, identidades sociais, gênero, movimento negro e ensino de Sociologia.

Referências

AZEVEDO, T de. As elites de cor: um estudo sobre ascensão social. São Paulo: Nacional, 1955.

CARVALHO, J.A.M. de; WOOD, C.H. & ANDRADE, F.C.D. Notas acerca das categorias de cor dos censos e sobre a classificação subjetiva de cor no Brasil: 1980/1990. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 20, n.1, jan./jun. 2003

FARIAS, Patrícia Silveira. Pegando uma cor na praia. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 2003.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Dominus Editora/ Editora da Universidade de São Paulo, 1965.

FIGUEIREDO, Ângela. Fora do jogo: a experiência dos negros na classe média brasileira. Caderno Pagu. n° 23. Campinas: 2004.

______Novas elites de cor: estudo sobre os profissionais liberais negros de Salvador. UCAM. Rio de Janeiro: 2002.

______Maldita ou bendita classe média negra? Revista Interseções. Ano 6. n°1. Rio de Janeiro: 2004

FRY, Peter. A persistência da raça: ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2005.

GUERREIRO RAMOS, Alberto. Introdução crítica a sociologia brasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.

GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. A questão racial na política brasileira (os últimos quinze anos). Tempo Social; Ver. Sociol. USP, São Paulo, 13(2): 121-142, novembro de 2001.

HERINGER, Rosana. Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo da política pública no Brasil. Rio de Janeiro: Cad. de Saúde Pública, nº 18, 2002.

HASENBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Belo Horizonte: UFMG, 2005

______SILVA, Nelson do Valle e LIMA, Márcia. Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 1999

LIMA, Márcia & Abdal, Alexandre. Educação e trabalho: a inserção dos ocupados de nível superior no mercado formal. Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 9, nº17, jan/jun. 2007, p.216 – 238.

SHERIFF, Robin E. Como os senhores chamavam os escravos: discursos sobre cor, raça e racismo num morro carioca. In MAGGIE, Yvonne e REZENDE, Claudia Barcellos (org.). Raça como retórica: a construção da diferença. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

MAIO, Marcos Chor; MONTEIRO, Simone; CHOR, Dóra; FAERSTEIN, Eduardo e LOPES, Claudia S. Cor e raça no Estudo Pró-Saúde: resultado comparativo de dois métodos de autoclassificação no Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(1): 171- 180, jan-fev., 2005.

NOGUEIRA, Oracy. Tanto preto quanto branco: estudo de relações raciais. São Paulo: T.A. Queiroz Editor, 1985.

PALACIOS, Guillermo. Revoltas camponesas no Brasil escravista: a ‘Guerra dos Maribondos’ (Pernambuco, 1851-1852). Revista Almanack Braziliense, nº03, maio, 2006.

PINTO, L.A. Costa. O Negro no Rio de Janeiro: relações de raça numa sociedade em mudança. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998.

SANSONE, Lívio. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção da cultura negra do Brasil. EDUFBA/ Pallas. Salvador: 2004.

SOARES, Reinaldo da Silva. Negros de classe média em São Paulo: estilo de vida e identidade negra. Tese de Doutorado: FFLCH USP. São Paulo: 2004.

______O cotidiano de uma escola de samba paulista: o caso do Vai-Vai. Dissertação de Mestrado: FFLCH USP. São Paulo: 1999.

SOUZA, Guilherme Nogueira de. Os negros ascendentes na região metropolitana do Rio de Janeiro: trajetórias e perspectivas. Tese de Doutorado: PPCIS/UERJ. Rio de Janeiro, 2012.

______Os negros de camadas médias no Rio de Janeiro: um estudo sobre identidades sociais. Dissertação de Mestrado: PPCIS/UERJ. Rio de Janeiro, 2008.

SCHWARTZMAN, Simon. Fora de foco: diversidade e identidades étnicas no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, 55, novembro 1999, pp. 83-96

TEIXEIRA, Moema de Poli. Negros na universidade. Rio de Janeiro: Pallas, 2003

VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 2004

______Subjetividade e sociedade: uma experiência de geração. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.

WOOD, C.H. e CARVALHO, J.A.M, de. Categorias do censo e classificação subjetiva de cor no Brasil. Revista brasileira de estudos de população, v.11, n.1, 1994.

Downloads

Publicado

2019-05-31

Como Citar

Souza, G. N. de. (2019). Análise do sistema de classificação por cor/ raça no Brasil. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 5(5). https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1442

Edição

Seção

II - Seminário Latino-Americano de Estudos em Cultura