As Coisas-memória na Arte da Performance
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i4.1151Palavras-chave:
Arte Contemporânea, Coisas-memória, Performance, Poéticas Visuais.Resumo
A pesquisa intitulada “As coisas-memória na arte da performance” desenvolvida no PPGAVI/UFPel é vinculada à linha de pesquisa Processo de Criação e Poéticas do Cotidiano, sob orientação da Profa. Dra. Eduarda Gonçalves e versa sobre o processo poético da performance como resultado de resgate de memórias vividas no contexto familiar e adquiridas no contato com produções artísticas. A prática artística desta pesquisa, em específico nos seus processos performáticos, conduz ao conceito de coisas-memória imbricando a linguagem das artes visuais e da dança. A reflexão é articulada à produção de performance evidenciando o conceito de coisa, revisto por Foucault e Deleuze, assim como o conceito de memória evidenciado pelo filosofo Henri Bergson. Colocando questões do presente e de um passado (infância com a avó, através de vídeos, objetos, roupas e fotografias), o conceito de coisas-memória reinventa as percepções ao se tornar ação performática. As vestimentas e objetos são algumas das visibilidades que vão dar a ver as dizibilidades expressadas nos atos em performances. Por estas questões se versa sobre duas performances realizadas: O que é daqui? Processos e Trajetos; Voz e Matéria, são igualmente evidenciadas nas referências artísticas de Marina Abramovic e Sophie Calle, abordando aspectos referentes à linguagem da performance que tem como disparo as relações interpessoais e da memória.Métricas
Referências
“a metodologia de trabalho em atelier leva em conta a obra como processo [...] ao mesmo tempo um processo de formação e um processo no sentido de processamento, de formação de significado” (REY, 1996, p. 85).
“havia trazido comigo alguns desses belos minerais que encontrei lá: quartzo rosa, quartzo cristalino” (ABRAMOVIC, 2017, p. 225),
“narrar uma autobiografia afetiva” (D'ANGELO, 2015, p. 202)
“há provavelmente uma urgência de uma maior mobilidade na prática dos artistas [...] uma mobilidade tática, voltada para fora – sem prejuízo, é claro, do rigor de articulação interna do trabalho” (BRITO, 1975, p. 6 apud FUREGATTI, 2016, p. 2024)
“A pesquisa em arte vai encontrar respaldo teórico na poiëtica, que propõe-se como uma ciência e filosofia da criação, levando em conta as condutas que instauram a obra” (REY, 1996, p. 83)
Se na ciência os pesquisadores e cientistas costumam trabalhar em bloco, e se empenham na decodificação de fatos e interpretação de conceitos que permitam organizar o entendimento da realidade e descobrir princípios que regem o mundo e o universo, na arte, o artista segue ou inventa um certo número de regras que lhe permitem criar uma visão de mundo singular”. (REY, 1996, p. 83)
A primeira [forma de memória] registraria, sob forma de imagens-lembranças, todos os acontecimentos de nossa vida cotidiana à medida que se desenrolaram; ela não negligenciaria nenhum detalhe; atribuiria a cada fato, a cada gesto, seu lugar e sua data. Sem segunda intenção de utilidade ou de aplicação prática, armazenaria o passado pelo mero efeito de uma necessidade natural (BERGSON, 2010, p. 88).
“do fato que uma sensação rememorada torna-se mais atual quando sentimos melhor seu peso, que a lembrança da sensação era esta sensação nascente” (BERGSON, 2010, p. 158-159).
“experiência social da intimidade, do público e do privado, vivida de forma individuada como figura de uma produção subjetiva” (GONÇALVES, 2010, p. 209),
“Uma forma de arrumar e dispersar memórias (suas e dos outros) e de rearranjá-las” (GONÇALVES, 2010, p. 209),
“fazer artístico como práxis, portadora de uma dimensão teórica e, consequentemente, articulando o seu fazer de atelier como a produção do conhecimento” (REY, 1996, p. 82).
“essencialmente, a performance é um lugar de reencontro permanente, para quem jamais tomou contato com o que ela experiencia” (GLUSBERG, 2013, p. 103).
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