“Edificando um Patrimônio Sentimental”: O Clube Social 24 de Agosto e seu reconhecimento cultural pelo Estado do Rio Grande do Sul

Autores/as

  • Juliana dos Santos Nunes Sem Instituição

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v2i1.159

Resumen

Essa pesquisa tem a finalidade mostrar o processo de tombamento que resultou no reconhecimento patrimonial, pelo Estado do Rio Grande do Sul, do Clube Social Negro 24 de Agosto, fundado em 1918, na cidade de Jaguarão, fronteira sul do Brasil com o Uruguai. Esta associação mostra a resistência negra no pós-abolição, onde o preconceito e o pouco acesso aos espaços de sociabilidade era uma realidade vivida pela maioria dos negros do município. Apesar da preocupação de órgãos de preservação patrimonial, que o incluíram na categoria de “clubes sociais negros”, esta agremiação étnica encontrava-se, ameaçada de extinção por conta de uma ação judicial que culminou no leilão de sua sede social, o que mobilizou sobremaneira a comunidade local para a participação nesta pesquisa. O aporte teórico-metodológico desse estudo procurou o diálogo entre a antropologia e a história, realizando, concomitantemente, uma etnografia “da duração” e levantamentos em jornais de circulação local que abarcam o período compreendido entre 1918 a 1960, além da consulta nas atas do Círculo Operário Jaguarense, sociedade que mantinha intensa atividade junto à comunidade negra.

Métricas

Cargando métricas ...

Citas

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira. Editora Paracatu, Rio de Janeiro, 2006.

ALFARO, Milita. Memorias de La Bacanal. Vida y milagros Del carnaval montevideano (1850-1950). Ediciones de La banda oriental, Montevideo, 2008.

ARANTES, Antônio. O patrimônio imaterial e a sustentabilidade de sua salvaguarda. Resgate, 2004.

BAKHITIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento. Hucitec, São Paulo, 2008.

BARTH, Frederik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT & STREIFF-FENART. São Paulo: Editora da Unesp, 1998.

BARRETO, Álvaro. Dias de Folia: o carnaval pelotense de 1890 a 1937. Pelotas: Educat, 2003.

BITTENCOURT, José. Jongo o avô do samba. Caderno Virtual de Turismo, vol. 2, Rio de Janeiro, 2002.

CANCLINI, Nestor García. Noticias recientes sobre la hibridación. Universidade Autônoma Metropolitana, México: Revista Transcultural de Música, 2003.

CARVALHO, A. P. C.. O "Planeta": apontamentos sobre a invisibilidade dos negros no RS e seus reflexos no campo da cidadania. Humanas (Porto Alegre), v. 26/27, p. 179-191, 2005.

CARVALHO, José Jorge de. Um panorama da música afro-brasileira, parte I dos gêneros tradicionais aos primórdios do samba. Série Antropologia, 275, Brasília, 2000.

CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. Editora Unicamp, São Paulo, 2001.

COSTA, Sérgio. A construção sociológica da raça no Brasil. Revista de Estudos Afro-Asiáticos, ano 24, p. 35-61, 2002.

DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Editora Rocco. Rio de Janeiro, 1997.

DAWSEY, John. Turner, Benjamim e a antropologia da performance. Campos 7 (2): 17-25, 2006.

____________ Victor Turner e antropologia da experiência. Cadernos de Campo, nº 13: 163-176, 2005.

DINIZ, André. O Almanaque do Samba. Editora Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 2006.

____________ Almanaque do Carnaval. Editora Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 2008.

DOMINGUES, Petrônio. Uma História não Contada, cap. 5: O ideal de Branqueamento, p. 253-300, SENAC, São Paulo, 2004.

ESCOBAR, Giane. Clubes sociais negros: lugares de memória, resistência negra, patrimônio e potencial. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em patrimônio cultural da Universidade de Santa Maria, Santa Maria, 2010.

FILHO, Wilson Trajano; O Auto de Carnaval em São Tomé e Príncipe: Fato e Texto. Série Antropologia 124, Brasília, 1992.

FINNEGAN, Ruth. O que vem primeiro: O texto, a música ou a performance? Palavra cantada: ensaios sobre a poesia, música e voz. MATOS, Cláudia N.; TRAVASSOS, Elizabeth; MEDEIROS, Fernanda (org.). Rio de Janeiro, Viveiros de Castro Editora, 2008.

FRANCO, Sérgio da Costa. Gente e Coisas da Fronteira Sul. Ensaios Históricos. Editora Sulina, Porto Alegre, 2001.

FRANCO, Sérgio da Costa; SOARES, Eduardo Álvares de Souza (orgs.).

Olhares sobre Jaguarão. Porto Alegre: Evangraf, 2010.

FRIGERIO, Alejandro. El Candombe Argentino: Crónica de una morte anunciada. Revista de Investigaciones Folklóricas, faculdade de Filosofia y Letras – Universidade de Buenos Aires, 1993.

FRY, Peter. A persistência da raça. Ensaios antropológicos sobre o Brasil e a África austral. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2005.

FONSECA, Maria Cecília Londres. Para além da pedra e cal: por uma concepção ampla de patrimônio cultural in: Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. ABREU, Regina e CHAGAS, Mário. Rio de Janeiro, 2003.

FOOTE-WHYTE. Willian. “Treinando a observação participante.” In: A. Zaluar (org.) Desvendando Máscaras Sociais. Francisco Alves Editora, Rio de Janeiro, 1975.

GERMANO, I. G. Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de Porto Alegre nas décadas de 1930 e 40. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em História da UFRGS, Porto Alegre, 1999.

GILL, Lorena; LONER, B. A.. Os clubes carnavalescos negros de Pelotas. In: 3º encontro escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Florianópolis, 2007.

GOMES, Fabrício. Sob a proteção da princesa e de São Benedito: Identidade étnica, associativismo e projetos num clube negro de Caxias do Sul (1934-1988). Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em História da Unisinos, São Leopoldo, 2008.

GONÇALVES, Renata de Sá. Ranchos Carnavalescos e o Prestígio das Ruas: territorialidades e sociabilidades no carnaval carioca da primeira metade do século XX. Textos escolhidos de cultura e arte populares. Rio de Janeiro, n. 1. p. 71-80, 2006.

GUTERRES, Liliane. La gente de Ansina. Performance, tradição e modernidade no carnaval da “comparsa de Negros e Lubolos Sinfonía de Ansina” em Montevideo/Uruguay. Tese de doutorado apresentada ao programa de pós-graduação em antropologia social da UFRGS, Porto Alegre, 2003.

HARTOG, François. Tempo e Patrimônio. Varia História, Belo Horizonte, 2006

HEYMANN, Luciana Quillet. Arquivos e a interdisciplinaridade: algumas reflexões. Seminário CPDOC 35 anos: a interdisciplinaridade nos estudos históricos. Rio de Janeiro, 2008.

LANGDOM, Esther. Performance e sua diversidade como paradigma analítico: a contribuição da abordagem de Bauman e Briggs. Ilha Revista de Antropologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006

LEAL, Caroline. Vozes carnavalescas: Construções identitárias através das escritas de si. Revista Litteris, São Paulo, 2009.

LIMA, Andréa da Gama. O legado da escravidão na formação do patrimônio cultural jaguarense. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultura da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010.

LEÃO, José. FREITAS, Joseania. Brincantes do carnaval: marcas de africanidade em trânsito no Brasil – Caribe – Brasil. Anais do V simpósio internacional do centro de estudos do Caribe no Brasil. Salvador, 2008.

MALINOWSKI, Bronislaw. Capítulo I: Objetivo, método e alcance desta pesquisa. In: Argonautas do Pacífico Ocidental. Editora Abril, São Paulo, 1978.

NUNES, Juliana dos Santos. Entre comparsas e cordões: o caso do União da Classe. II Encontro Internacional de Ciências Sociais, Pelotas, 2010.

____________ Músicos e operários dividindo o mesmo coreto: banda do círculo operário e cordão União da Classe numa possível relação. Seminário Internacional Bioma Pampa, Jaguarão, 2009.

NOGUEIRA, Antônio Gilberto Ramos. Diversidade de sentidos do patrimônio cultural: uma proposta da trajetória de reconhecimento da cultura afro-brasileira como patrimônio nacional. Anos 90, Porto Alegre, 2008.

OLIVEIRA, Fernanda. Raça, sociabilidade e identidade num clube pelotense: Clube carnavalesco negro Fica Ahí Pra ir Dizendo (1938-1943). Monografia apresentada ao curso de Licenciatura em História da Ufpel, Pelotas, 2008.

ORTIZ, Renato. Memória coletiva e sincretismo científico: as teorias raciais do século XIX. Cadernos CERU nº 17, 1982.

PARANHOS, Adalberto. A música popular e a dança dos sentidos: distintas faces do mesmo. Revista Artcultura, Uberlândia, 2006.

PRASS, Luciana. Saberes musicais em uma bateria de escola de samba. Uma etnografia entre os Bambas da Orgia, cap. I Entre os Bambas da Orgia, p. 23-53. Editora UFRGS, Porto Alegre, 2004.

POUTIGNAT, Philippe & STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da Etnicidade. Editora UNESP, São Paulo, 1998

ROCHA, Ana Luiza. ECKERT, Cornélia. Imagens do tempo nos meandros da memória: por uma etnografia da duração. Revista Iluminuras, UFRGS, Porto Alegre, 2000.

ROSA, Marcus. Quando Vargas Caiu no Samba; Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação em História da UFRGS, Porto Alegre, 2008.

SEEGER. Anthony. “Etnografia da Música”. In: Myers, Helen. Ethnomusicoly. An Introduction. Londres, 1992.

SIMSON, Olga Von. Carnaval em Branco e Negro. Carnaval popular paulistano 1914-1988. Campinas: Editora Unicamp, São Paulo, 2007.

SHUCH, Patrice. Etnia e classe social: uma análise comparativa, Porto Alegre, 2002.

TINHORÃO, José Ramos. Pequena História da Música Popular. Editora: Círculo do Livro, São Paulo, 1975.

_____________ Os sons dos negros no Brasil. Cantos, danças, folguedos: origens. Editora 34, São Paulo, 2008.

VALLADARES, Licia. Os dez mandamentos da observação participante. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 22, nº 63, São Paulo, 2007.

VELHO, Gilberto. A utopia urbana. In: estudo de antropologia social, Rio de Janeiro, 1982.

VIANA, Letícia. Legislação e preservação do patrimônio imaterial. Perspectivas, experiências e desafios para a salvaguarda da cultura popular. Textos Escolhidos de Cultura e Arte Populares, Rio de Janeiro, 2004.

ZANINI, Maria Catarina. Pertencimento étnico e territorialidade: italianos na região central do Rio Grande do Sul (Brasil). REDES, V.13, nº 3, p. 140-163, Santa Cruz do Sul, 2008.

Publicado

2016-03-09

Cómo citar

Nunes, J. dos S. (2016). “Edificando um Patrimônio Sentimental”: O Clube Social 24 de Agosto e seu reconhecimento cultural pelo Estado do Rio Grande do Sul. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 2(1), 131–148. https://doi.org/10.23899/relacult.v2i1.159

Número

Sección

Dossiê - História, Memória e Identidades