Da fronteira da invisibilidade para o discurso da legalidade: a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v6i3.2013Keywords:
Umbanda. Patrimônio cultural imaterial. Religião. Discriminação. Reconhecimento.Abstract
Embora o Decreto nº 42557 de 2016 tenha estabelecido a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial do Rio de Janeiro, e ainda determinado, a criação do cadastro dos terreiros umbandistas, ela é colocada à margem pelo fato de muitos não acreditarem se tratar de uma religião, acarretando, então, uma intolerância religiosa desvendada em, por exemplo, destruição de templos e objetos que compõem as cerimônias, preconceito sofrido pelos praticantes e desrespeito aos rituais. Para tanto, objetiva-se no presente, resgatar memórias da religião umbandista, esquecidas ou reprimidas por valores hegemônicos da Igreja Católica, além de trazer conhecimento/informações face à valorização de expressão religiosa genuinamente brasileira, o que poderá garantir respeito e reconhecimento pela sua história, evitando assim, que essa não seja perdida/esquecida no tempo, devido ao fenecimento dos mais antigos que carregam suas vivências. Nesse contexto, trata-se de um estudo bibliográfico, que guiado por embasamento teórico, proporciona a elaboração de pressupostos variantes da abordagem proposta. Ao considerar a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial, o Estado, através do discurso da legalidade, cria condições para o levantamento de todos os terreiros existentes no Rio de Janeiro, e com ele, toda a tradição oral, juntamente com elementos materiais e imateriais que dão vida ao sincretismo experienciado em cada terreiro.
Metrics
References
ALMEIDA, A. L. M. A música sagrada dos ogãs no terreiro de Umbanda “Ogum Beira Mar e Vovó Maria Conga” da cidade de Goiânia de Itaberaí: representações e identidades, 2013. 127f. Dissertação (Mestrado em Música). Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2013.
BALDIOTTI, G. R. C. Da vibração ao transe: uma apresentação das entidades espirituais nos pontos cantados da Umbanda. 94 f. Dissertação (Mestrado)- Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, 2020.
BALDIOTTI, G. R. C.; SANTANA, T. R. A umbanda como patrimônio cultural material e imaterial. Revista África e Africanidades, [S. l.], Ano XII, n. 33, p. 1-13, fev. 2020.
BARROS, S. C. As entidades ‘brasileiras’ da umbanda e as faces inconfessado Brasil. XXVII Simpósio Nacional de História, Natal, 2013.
CAMPOS, L. R. de. Muitas linhas de um mesmo riscado: a umbanda das zonas de contato. 2017. 105 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Religião). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017.
CASTRO, J. G. A formação de uma igreja sincrética: Igreja do Nazareno do Cabral. 67 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião)- Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013.
JARDIM, T. Umbanda: História, cultura e resistência. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:
http://www.unirio.br/unirio/cchs/ess/tccs/tcc-tatiana-jardim-1. Acesso em: 20 out. 2020.
LONDRES, C. O patrimônio histórico na sociedade contemporânea. Escritos Revista da Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, ano 1, n 1, p. 159- 171, 2007.
MORAIS, M. A. O sincretismo religioso como elemento legitimador da umbanda: Uma Breve Reflexão a partir da obra Casa Grande e Senzala. Revista Continentes (UFRRJ), Rio de Janeiro, ano 3, n.4, p.180-200, 2014
NASCIMENTO, A. A. S. Candomblé e Umbanda: práticas religiosas da identidade negra no Brasil. RBSE, [S. l.], v. 9, n. 27, p. 923-944, 2010.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA (UNESCO). Patrimônio cultural imaterial. 2017. Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/intangible-heritage/. Acesso em: 31 out. 2020.
ORTIZ, R. A morte branca do feiticeiro negro. São Paulo: Brasiliense, 1991
PEREIRA, L. J. A. A umbanda em fortaleza: análise dos significados presentes nos pontos cantados e riscados nos Rituais religiosos. 2012 142f. (Dissertação de Mestrado em Educação)- Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012.
PRANDI, R. O Brasil com axé: Candomblé e Umbanda no mercado religioso. 2004.
QUINTO, A. C. Estudo destaca papel central da música nos ritos de incorporação da Umbanda. Jornal da USP, 3 jul. 2018. https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/estudo-destaca-papel-central-da-musica-nos-ritos-de-incorporacao-da-umbanda/#:~:text=%E2%80%9CNa%20Umbanda%2C%20um%20m%C3%A9dium%20pode,em%20nosso%20plano%E2%80%9D%2C%20descreve.&text=A%20m%C3%BAsica%20e%20a%20express%C3%A3o,forma%2C%20mas%20n%C3%A3o%20nos%20objetivos. Acesso em: 10 dez. 2020
RIO DE JANEIRO. Decreto nº 42557 de 07 de novembro de 2016.
Declara patrimônio cultural de natureza imaterial a umbanda e cria o cadastro dos terreiros de umbanda. 2016. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4368015/4176955/40DECRETO42557CadastrodosTerreirosdeUmbanda08112016.pdf. Acesso em: 10 dez. 2020
ROSAFA, W. Terreiro de Umbanda Mártir de São Sebastião: registros de patrimônio imaterial. 2008. 129 f. (Mestrado Profissional em Gestão do Patrimônio Cultural)- Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2008.
ROSSETO, S. C. Religiões de matriz africana / inclusão ou exclusão na disciplina de ensino religioso? 2016. 237f. Dissertação (Mestrado Ciências das Religiões) - Faculdade Unida da Vitória, Vitória, 2016.
SARACENI, R. Fundamentos doutrinários de Umbanda. São Paulo, Madras, 2012.
SILVA, R. Ritual e performance feminina na aldeia dos orixás. Maceio: UFAL, 2018. Disponível em: http://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/4833/1/Ritual%20e%20performance%20feminina%20na%20Aldeia%20dos%20Orix%C3%A1s.pdf. Acesso em: 11 dez. 2020
SOLERA, O. O. O. A magia do ponto riscado na Umbanda Esotérica. 95 f. Dissertação (Mestrado Ciências da Religião)- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.
SOUZA, A. M. F. Um encontro dialógico na Tenda Espírita Umbandista de Santa Barbara em Teresina-PI. 1º Simpósio Internacional da ABHR, São Paulo, 2013.
VALENTE, W. Sincretismo religioso afro-brasileiro. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2021 Gracielle Rafaela Campos Baldiotti, Terezinha Richartz
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.