Mídia, poder e controle de subjetividade: a distorção da tentativa de golpe de 2002 na Venezuela
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v3i3.528Palavras-chave:
colonialidade do poder, conglomerados midiáticos, controle de subjetividade, Venezuela.Resumo
A mídia consiste em um instrumento estratégico formulador e propagador de opiniões, saberes e valores, capaz de exercer o que Aníbal Quijano denomina “controle da subjetividade”. Partindo dessa premissa, o presente trabalho tem como objetivo geral demonstrar como, no âmbito das relações internacionais, a mídia compõe o arsenal de ferramentas de exercício de poder das potências Ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, constituindo-se em um dos alicerces contemporâneos da manutenção da liderança hegemônica deste país. O trabalho utilizará como conceito-base a “colonialidade do poder”, também de Quijano, cuja abordagem destaca a face da dominação cognitiva inerente à modernidade eurocêntrica. Assim, será demonstrado como a mídia, ao promover o controle de subjetividade a favor das grandes potências Ocidentais, se insere na continuidade desse padrão moderno de dominação. Para exemplificar o modus operandi dos conglomerados midiáticos Ocidentais, será destacado o caso da cobertura da tentativa de golpe contra o Presidente Hugo Chávez, da Venezuela, em 2002, com base em reportagens e documentários que relevam a distorção midiática do evento, padrão que se repete na cobertura dos governos bolivarianos deste país.
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