O que os patrimônios contam sobre masculinidades? Considerações a partir da crítica patrimonial feminista
DOI:
https://doi.org/10.23899/ev6hve64Palavras-chave:
Colonialidade da Memória; Crítica patrimonial feminista; Gênero e patrimônio; Masculinidades; Monumentos.Resumo
Disserta sobre o campo do patrimônio a partir de uma perspectiva de gênero. Tem como objetivo, refletir sobre as masculinidades no âmbito do patrimônio a partir de três dimensões: a etimologia e a construção epistemológica da área, a institucionalização em organismos transnacionais e por fim, os patrimônios legitimados no espaço público considerando alguns exemplos no território brasileiro. Para tanto, a metodologia se pauta por revisão de literatura na área do patrimônio e gênero, possibilitando perceber que o androcentrismo do patrimônio não está apenas na etimologia, mas sobretudo na epistemologia por ter sido um campo desenvolvido e por muito tempo mantido quase que exclusivamente por homens do norte global. Nas análises de alguns monumentos brasileiros, foi possível constatar a predominância de representações de masculinidades hegemônicas, com características de homens viris, cisheteronormativos, brancos, cristãos e belígeros. Como considerações finais, aponta sobre a potência dessas representações na conformação das subjetividades, necessitando uma descolonização e despatriarcalização dessas memórias.
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