Pesquivivência
reinventar a produção científica, da América Latina, com base numa perspectiva endógena
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v9i2.2338Palavras-chave:
Epistemologia;Resumo
Esta pesquisa visa contribuir para pensar as concepções teórico-metodológicas sulinas numa ruptura com a dependência epistêmica do Norte Global, historicamente privilegiado e condutor do conhecimento universal. As reflexões se amparam nos indícios de que as Ciências Sociais enfrentam uma crise de paradigma, não dando mais conta de responder à problemática das diferenças, geopoliticamente construídas, que afetam o mundo, especialmente a América Latina, objeto desta discussão. Logo, faz-se necessário pensar epistemologias outras, contextualizadas, abdicando-se da cultura de importação teórica, do Norte Global, cujo “lugar de fala” não é próprio do Sul. Assim, tem-se como questão “suleadora” (conduzida desde o Sul Global, com foco na América Latina, e não desde o Norte Global, dominante): porque pensar e desenvolver metodologias de pesquisa desde (e para) a América Latina? As análises se orientam por sendas interdisciplinares, de abordagem qualitativa, combinando reflexão teórica e o diálogo equitativo entre as abordagens do Sul e do Norte, a partir das contribuições dos(as) autores(as) Aníbal Quijano, Boaventura de Sousa Santos, Catherine Walsh, Djamila Ribeiro, Edgardo Lander, Walter Mignolo, Pierre Bourdieu, Clifford Geertz, entre outros. Os resultados apontam que a “pesquivivência” – sustentada com base nos conceitos de “ecologia dos saberes” e “desobediência epistêmica”– pode ser uma alternativa para responder às problemáticas a que estamos afetos, de caráter endógeno (local e situado), sem a necessidade de ruptura, radical, com as epistemologias nortenhas, que passam a ser investigadas em diálogo horizontal com as teorias latino-americanas.
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