Ancestralidade africana na afrodiáspora:

conhecimento, existência e vida

Autores

  • Adeir Ferreira Alves Secretaria de Educação do Distrito Federal - Núcleo de Estudos Afrobrasileiros-NEAB/UnB
  • Renísia Cristina Garcia Filice Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v7i1.2153

Palavras-chave:

Culturas Afrodiaspóricas, Ancestralidade, Negritude, Ontologia

Resumo

O presente texto tem como base a pesquisa de mestrado concluída em 2019, no Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos e Cidadania, da Universidade de Brasília. Investigou-se sobre a organização social do quilombo Mesquita (Cidade Ocidental-GO), por meio da análise documental, de entrevistas narrativa, em reunião com a epistemologia hermenêutica de Gadamer (1999) intitulada “Horizonte de Compreensão”. Como alguns dos resultados identificamos que marcadores como raça, gênero, classe singularizam o território tendo como amálgama a ancestralidade e o trabalho coletivo, que se sobressaíram e por sua vez, se conectaram a aspectos de solidariedade, de cooperativismo e de colaborativismo. A dinâmica observada evidenciou a ancestralidade, entendida numa perspectiva histórica e filosófica, para a compreensão das questões de raça, de gênero e de classe, apontando no quilombo, como lugar de reunião, presente e passado, material e imaterial. Aspectos da cultura afrodiáspórica que entrelaçam como feixes de sentidos das expressões da ancestralidade, características inerentes à negritude; e no tensionamento com o colonialismo do poder.

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Biografia do Autor

Adeir Ferreira Alves, Secretaria de Educação do Distrito Federal - Núcleo de Estudos Afrobrasileiros-NEAB/UnB

Professor da Educação Básica do Componente Curricular de Filosofia da Secretaria de Educação do Distrito Federal (onde também coordenou a pasta de Direitos Humanos da Coordenadoria Regional de Ensino de Samambaia-CRE/SAM-SEEDF). Mestre em Direitos Humanos e Cidadania (Universidade de Brasília, 2019). Especialista em Filosofia e Existência (Universidade Católica de Brasília, 2014). Graduação em Filosofia (Instituto Santo Tomás de Aquino-MG, 2006). Membro do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros-NEAB/UnB e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e de Gênero-GEPPHERG-FE/UnB; Membro da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/DF. E-mail: adeir.liceu@gmail.com 

Renísia Cristina Garcia Filice, Universidade de Brasília

Professora Associada da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília. Pós-doutora em Sociologia pelo Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho (Braga-Portugal, 2017). Doutora em Educação (UnB, 2010). Mestre em História Social (PUC/SP, 2007). Especialista em Filosofia (UFU, 2004). Graduada em História (UFU, 2002). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e Gênero-GEPPHERG/FE-UnB. Investigadora do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos-PPGDH/UnB. Investigadora do Programa de Pós-Graduação – Modalidade Profissional – PPGE-MP/UnB. Atua na área do Ensino de História, Educação e Direitos Humanos. Pesquisa sobre gestão de Políticas Públicas; Transversalidade, Intersetorialidade e Interseccionalidade em raça, gênero e classe nas políticas públicas de ações afirmativas. E-mail: renisiagarcia@gmail.com

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Publicado

2021-07-04

Como Citar

Alves, A. F., & Filice, R. C. G. (2021). Ancestralidade africana na afrodiáspora:: conhecimento, existência e vida. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 7(1). https://doi.org/10.23899/relacult.v7i1.2153

Edição

Seção

Dossiê: - Povos e comunidades tradicionais, ancestralidade e decolonialidade