Da fronteira da invisibilidade para o discurso da legalidade: a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial

Autores

  • Gracielle Rafaela Campos Baldiotti Mestra em Letras – Linguagem, Cultura e Discurso da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR). Professora da Rede Municipal de Três Corações. http://orcid.org/0000-0002-2515-1070
  • Terezinha Richartz Universidade Vale do Rio Verde (UninCor) http://orcid.org/0000-0002-8872-1210

DOI:

https://doi.org/10.23899/relacult.v6i3.2013

Palavras-chave:

Umbanda. Patrimônio cultural imaterial. Religião. Discriminação. Reconhecimento.

Resumo

Embora o Decreto nº 42557 de 2016 tenha estabelecido a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial do Rio de Janeiro, e ainda determinado, a criação do cadastro dos terreiros umbandistas, ela é colocada à margem pelo fato de muitos não acreditarem se tratar de uma religião, acarretando, então, uma intolerância religiosa desvendada em, por exemplo, destruição de templos e objetos que compõem as cerimônias, preconceito sofrido pelos praticantes e desrespeito aos rituais. Para tanto, objetiva-se no presente, resgatar memórias da religião umbandista, esquecidas ou reprimidas por valores hegemônicos da Igreja Católica, além de trazer conhecimento/informações face à valorização de expressão religiosa genuinamente brasileira, o que poderá garantir respeito e reconhecimento pela sua história, evitando assim, que essa não seja perdida/esquecida no tempo, devido ao fenecimento dos mais antigos que carregam suas vivências. Nesse contexto, trata-se de um estudo bibliográfico, que guiado por embasamento teórico, proporciona a elaboração de pressupostos variantes da abordagem proposta. Ao considerar a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial, o Estado, através do discurso da legalidade, cria condições para o levantamento de todos os terreiros existentes no Rio de Janeiro, e com ele, toda a tradição oral, juntamente com elementos materiais e imateriais que dão vida ao sincretismo experienciado em cada terreiro.

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Biografia do Autor

Gracielle Rafaela Campos Baldiotti, Mestra em Letras – Linguagem, Cultura e Discurso da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR). Professora da Rede Municipal de Três Corações.

Mestra em Letras – Linguagem, Cultura e Discurso da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR). Professora da Rede Municipal de Três Corações.

Terezinha Richartz, Universidade Vale do Rio Verde (UninCor)

Doutora em Ciências Sociais (PUC/SP); Professora do Programa  de Mestrado Profissional em Gestão, Planejamento e Ensino da Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR).

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Publicado

2021-05-02

Como Citar

Baldiotti, G. R. C., & Richartz, T. (2021). Da fronteira da invisibilidade para o discurso da legalidade: a Umbanda como patrimônio cultural de natureza imaterial. RELACult - Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 6(3). https://doi.org/10.23899/relacult.v6i3.2013

Edição

Seção

Dossiê: - Patrimônio cultural e memória nas fronteiras