Cultura & Formação Docente: pensando o currículo como uma construção cultural
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v6i6.1800Palavras-chave:
Cultura, Currículo, Ferramenta Cultural, Formação de Professores.Resumo
A questão da cultura e seu papel central nas formas com as quais a sociedade se organiza é uma discussão atual em diversas áreas do conhecimento. Podemos assumir que os elementos da cultura são socialmente construídos e historicamente partilhados, portanto a cultura é uma construção essencialmente humana e social. Ela permite ao homem identificar-se enquanto indivíduo, transformar a natureza e transformar-se a si mesmo. Nesse contexto, entendemos que a formação inicial de professores pode ser caracterizada pela incorporação intencional de certos elementos da cultura, historicamente aceitos, determinados mediante disputas de poder e que representam as necessidades formativas que emergem de um dado contexto social e momento histórico. Esse é um trabalho teórico onde nos propomos a discutir alguns paradigmas de formação para pensar a cultura no contexto da formação de professores. Em uma análise interpretativa, procuramos construir nossa argumentação em torno da prerrogativa da centralidade da cultura no processo da formação docente. Consideramos que cursos de licenciatura se constituem por um processo de interação de seus agentes com os elementos da cultura historicamente construídos e sistematizados na graduação. Esta dimensão do processo formativo se estabelece não apenas pela natureza da relação que os indivíduos estabelecem com o currículo, mas também pelas concepções explícitas e/ou implícitas nele impressas. O currículo, assim, é uma questão da cultura como qualquer outra construção humana. Deste modo, o currículo é também uma atividade política porque de uma forma particular organiza a cultura e consequentemente as relações de poder e sua influência na identidade do professor em formação. Portanto, consideramos que formar-se professor é incorporar elementos culturais específicos do fazer docente. E a identidade docente se elabora na medida da interação com o currículo enquanto ferramenta cultural, nos processos de representação social que são estabelecidos ao longo da formação docente.
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