Invenção da América, colonialidade do poder e pós-colonialismo: reflexões acerca do primitivo Novo Mundo
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v6i6.1793Palavras-chave:
América Latina, Colonialismo, Cultura, História da América, História do Tempo Presente, Pós-colonialismo.Resumo
O presente trabalho tem como objetivo discutir a noção de invenção do continente americano (América Latina, mais precisamente) a partir de uma perspectiva eurocentrista do conhecimento. Investigamos, pois, como ocorreu o surgimento da América e o que implicou ela ter sido conceituada tal qual como América. Para tanto, dispomos da noção de colonialidade do poder para compreendermos a amplitude do colonialismo que afligiu o continente americano, como tal poder despojou os povos originários de suas respectivas culturas; como se estruturou, a partir da América, uma noção de mundo no qual o europeu passou a ser referência; e como, a partir do advento da colonização, os povos latino-americanos (e demais povos não-europeus, em escala global) passaram a representar o passado, ou seja, o primitivo. Nossos objetivos, desta maneira, consistem em evidenciar como o poder colonial subjugou os povos da América não só nos sentidos mais recorrentemente tratados, como na exploração do trabalho e das riquezas materiais, mas, também, subjugou os povos da América de suas formulações teórico-epistemológicas, culturais e identitárias, apontando, assim, para a construção de uma concepção global de mundo na qual a modernidade é sinônimo de Europa – e, mesmo o que foi colocado como “Novo Mundo”, ainda traduz-se como arcaico – e propondo uma mais ampla assimilação das identidades, culturas e epistemologias latino-americanas e das estruturas que compõem o sistema capitalista moderno.Métricas
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