A História Oficial e as Narrativas Orais Gravadas sobre os Antepassados da Etnia Guarani-Mbyá
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1613Palavras-chave:
Etnia Guarani-Mbyá, história oficial, narrativas orais, memória, identidadeResumo
A etnia Guarani é uma das maiores representações indígenas na América do Sul, suas particularidades quanto ao dialeto e cultura apresentam importância significativa para repensar a memória e identidade atual. Esse artigo objetiva fazer uma análise do documentário "Tava, a casa de Pedra”, de iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), produzido em conjunto com integrantes da etnia Guarani-Mbyá, focalizando o dissenso entre a história oficial sobre os autóctones e as narrativas dessa etnia em relação à sua própria história registrada sobre o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo do Sul, no Rio Grande do Sul - Brasil. Passada de geração a geração por meio da oralidade, a versão da história dos Guarani-Mbyá que viveram no espaço que hoje denomina-se Ruínas, tem valor ímpar para o patrimônio imaterial, constituindo elemento de legitimação, de identidade, de pertencimento e de alteridade para essa etnia. O vídeo representa o que antes parecia impossível, ao apresentar a importância de considerar a voz dos indígenas na condição de construtores de sua própria história, bem como fixar a memória e identidade de seu povo que foi massacrado e quase totalmente dizimado. Os registros dos relatos podem contribuir para corrigir eventuais lacunas deixadas na história escrita, considerada oficial, em detrimento da oralidade. O método utilizado é a pesquisa qualitativa, com enfoque no estudo bibliográfico de autores especializados sobre a temática memória e identidade. Os resultados da pesquisa demonstraram que a versão apresentada pelos Mbyá possibilita uma versão da história mais heterogênea, quiçá mais próxima da que se apresentou naquele contexto histórico.
Referências
BORGES, Paulo Humberto Porto. Uma visão indígena da história. Cad. CEDES [online]. 1999, vol.19, n.49, pp. 92-106. ISSN 0101-3262. Disponível em : http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32621999000200008. Acesso em: 10 nov. 2017.
CANDAU, Joel. Memória e Identidade. Tradução: Maria Leticia Ferreira. São Paulo: Contexto, 2012. p. 16.
CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 2008, p. 28.
DUSSEL, Henrique. 1492, El Encunbrimiento del Otro. Hacia el origem del mito da Modernidade. La Paz: Plural Editores - Centro de Información para el Desarrollo, 1994, p.
Instituto Patrimônio do Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Dossie_da_Tava_Lugar_de_Referencia_para_o_Povo_Guarani(1).pdf. Acesso em 11 nov. de 2017.
PESAVENTO, Sandra Jataby; GOELZER, Ana Lúcia (ORGs). Missões, um espaço no tempo: Paisagem da Memória. Fronteiras do mundo ibérico: patrimônio, território e memória das Missões. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. p. 51-52.
TAYLOR, Charles. A política de reconhecimento. In: TAYLOR, Charles. Multiculturalismo: examinando a política de reconhecimento. Tradução Marta Machado. Lisboa: Instituto Piaget, 1994. p. 98-118.
TESTA, Adriana Queiroz. Entre o canto e a caneta: oralidade, escrita e conhecimento entre os Guarani Mbya. Educ. Pesqui. [online]. 2008, vol.34, n.2, pp. 291-307. ISSN 1517-9702. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022008000200006>. Acesso em 10 de nov. de 2017.
ZUMTHOR, Paul. Tradição e esquecimento. São Paulo: Hucitec, 1997, p. 15.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores retêm os direitos autorais de suas obras e concedem à RELACult o direito de primeira publicação. Todos os artigos são simultaneamente licenciados sob Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), permitindo o compartilhamento, distribuição, cópia, adaptação e uso comercial desde que atribuída a autoria original e indicada a primeira publicação nesta revista.
A RELACult disponibiliza todo o seu conteúdo em acesso aberto, ampliando a visibilidade e o impacto dos trabalhos publicados. As informações de contato fornecidas no sistema de submissão são utilizadas exclusivamente para comunicação editorial e não serão compartilhadas para outros fins.