Identidade Quilombola: Trajetória de um Conceito
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i2.1587Palavras-chave:
Cultura, Estrutura Social, Identidades, Quilombo.Resumo
Neste artigo faz-se a contextualização da formação histórica e social dos quilombos no Brasil. Apresentamos ainda, as trajetórias dos negros escravizados e a construção da cultura e identidade dos quilombos em Goiás, bem como, as características de comunidades tradicionais. Aspectos como a expressão cultural e as particularidades da religiosidade quilombola são analisados de forma qualitativa como fenômenos sociais que contribuem para formação identitária desses povos. Historicamente, após recorrentes tentativas de exploração dos indígenas para obtenção de mão de obra, os colonizadores portugueses optaram por escravizar os africanos trazendo-os para o Brasil com o objetivo de utilizar a força braçal dos negros na aquisição de riquezas. Esses escravos não eram escolhidos aleatoriamente, mas sim por terem habilidades que interessavam aos colonizadores. Contudo, apesar de disporem de uma estrutura social bem organizada, eles eram levados como cativos mesmo possuindo habilidades políticas e organizacionais. Uma significativa quantidade de negros viveram no Estado de Goiás durante o sistema escravista, estima-se que em 1750 havia cerca de 20 mil escravos em Goiás que, mesmo sendo submetidos à exploração e castigos diversos, trabalhavam principalmente nas minas contribuindo com a economia daquele período. Em algumas ocasiões até mesmo a acomodação era uma maneira de resistir e muitos escravos viviam de maneira “amigável” com seus senhores, podendo trabalhar, juntar riquezas, comprar alforrias, e até mesmo adquirir escravos.
Métricas
Referências
ALMEIDA, M. G., Territórios de quilombolas: pelos vãos e serras dos Kalunga de Goiás - patrimônio e biodiversidade de sujeitos do Cerrado. Ateliê Geográfico. Edição Especial. Vol. 4, Nº 9 (2010) p. 36-63.
_________. O etnocentrismo e turismo nos Kalunga do nordeste de Goiás. In: LIMA, Ismar Borges (Org.) Etnodesenvolvimento e gestão territorial: comunidades indígenas e quilombolas. Curitiba: CRV, 2014, p. 195-212.
ALTMANN, Walter. Prefácio. In: REIMER, Haroldo. Liberdade Religiosa na História e nas Constituições do Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2013, p. 7-10.
BAIOCCHI, Mar de Nasaré. Kalunga: povo da terra. 3ª ed. Goiânia: Editora UFG, 2013.
BERGER, P. L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião. 5ª ed. São Paulo: Paulinas, 2004.
BERGER, Peter; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. 26ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
BONOME, José Roberto. Cultura e Religião. Goiânia: Ed. PUC Goiás, 2010.
BORGES PEREIRA, J. B. Prefácio. In: BAIOCCHI, M. N. Negros de Cedro: um estudo antropológico de um bairro rural de Goiás. São Paulo: Ática, 1983, p. 10-15.
BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. São Leopoldo, Unisinos, 2008.
CAMPBELL Joseph. O Poder do Mito. Tradução de Byl Moyer. São Paulo: Palas Athena, 1991.
CASSIRER, Ernest.. Linguagem e Mito. São Paulo: Perspectiva, 1985.
CENSO IBGE (2010). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/características_religiao_tab_pdf.shtm>. Acesso em: 25 jul. 2016.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
CHAUL, N. A Construção de Goiânia e a Transferência da Capital. Goiânia: UFG, 1999.
CROATTO, José Severino. As Linguagens da Experiência Religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. Tradução Carlos Maria Vasquez Guitiérrez. São Paulo: Paulinas, 2001.
DELGADO, Lucília de A. N. História oral: memoria, tempo, identidade. Belo Horizonte. Autêntica, 2006.
DIEGUES, A.C. S. O mito moderno da natureza intocada. 3ªed. São Paulo: HUCITEC, 2001.
DOLOSTO, Cássius Dunk. Políticas Públicas e os Direitos Quilombolas no Brasil: O exemplo Kalunga. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016.
FEITOSA, João (org.). Fragmentos da Nossa História: vitórias e conquistas de um povo. Goiânia: Karis, 2006.
FERNANDES, C. R., Os saberes e sabores da cultura Kalunga: origens e consequências das alterações nos sistemas alimentares. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília, Brasília – DF, 2014.
FURTADO, Rafael Nogueira. Ascese e racionalização: Weber, Foucault e o problema do controle da conduta. Universidade Federal de Sergipe. PROMETEUS – Ano 6 – Número 11- Janeiro-Junho/2013.p. 187-225.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. 1º ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
_________. Nova Luz Sobre a Antropologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
GUSDORF, G. Mito e Metafísica. São Paulo: Convívio, 1995.
HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DPeA, 2002.
_________. Quem precisa de identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu et. al. (Org.) Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2009, p. 103-135.
HOBSBAWM, Eric. Sobre história: ensaios. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
KARASCH, Mary. O quilombo do ouro na capitania de Goiás.In: GOMES, Flávio; REIS, João José (Orgs.) Liberdade por um fio: história do quilombo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
KUPER. Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: Edusc, 2002.
LOIOLA, Maria Lemke. Trajetória atlântica, percursos para a liberdade: africanos e descendentes na capitania dos Guayaze. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2008.
MARINHO, Thais Alves. Cultura Kalunga: entre a territorialidade e o culturalismo. In: LIMA, Ismar Borges (Org.) Etnodesenvolvimento e gestão territorial: comunidades indígenas e quilombolas. Curitiba: CRV, 2014, p. 155-178.
MOSCOVICI, Serge. A Representação Social da Psicanálise. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
MOTA, Rosiane Dias. Protestantismo, identidade territorial e territorialidades da comunidade quilombola. In: ALMEIDA, Maria Geralda (Org), O Território e a Comunidade Kalunga: quilombolas em diversos olhares – Goiânia: Gráfica UFG, 2015, p. 250-271.
NEVES, M. V. M., Festa do vão do Moleque: religiosidade e identidade étnico cultural. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião), Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2017.
OLIVEIRA, Eliezer Cardoso. As representações do medo e das catástrofes em Goiás. Tese (Doutorado em Sociologia), Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
OLIVEIRA, Raquel (Org.) Uma história do povo Kalunga. Brasília: Ministério de Educação -MEC, 2001.
PALACIN, Luís. Fundação de Goiânia e Desenvolvimento de Goiás. Goiânia: Ed. Oriente, 1973.
PALACIN, L.; MORAIS M. S. Sociedade colonial:(1549 a 1599). Goiânia: UFG, 1981.
SILVA, M. J. Quilombos do Brasil Central: Violência e Resistência Escrava, Goiânia: Kelps, 2003.
SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu et. al. (Org.) Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2009, p. 73-103.
SILVEIRA, João Paulo de Paula ; REIMER, Haroldo. Prolegômenos para uma história cultural das religiões. In: REIMER et. al. (Orgs.), Primeiros diálogos: uma introdução à reflexão histórica. São Leopoldo: OiKos, 2012, p. 61-72.
SOARES, P.S. Tecnologias e Saberes Africanos. In. MORAIS, C. C.P.; OLIVEIRA, L. F. et. al. (Org.), Educação quilombola. Goiânia: FUNAPE; UFG/CIAR, 2013.
VELLOSO, A. D. Uma análise do processo histórico-espacial da comunidade do Engenho II – Kalunga. Dissertação ( Mestrado em Gestão ambiental), Universidade de Brasília, Brasília: 2007.
WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, Tomaz Tadeu, et. al. (Org.) Identidade e Diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2009, p.5-72.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/) que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da sua autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Esta revista proporciona acesso público a todo o seu conteúdo, uma vez que isso permite uma maior visibilidade e alcance dos trabalhos publicados. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros softwares de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas. Os nomes e endereços de e-mail neste site serão usados exclusivamente para os propósitos da revista, não estando disponíveis para outros fins.