Na construção de uma imagem, o passado se faz presente
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1497Palavras-chave:
América Latina, Discurso, Diversidade Cultural, Memória.Resumo
Sabe-se que a língua não é neutra e que povos, lugares e, até mesmo, o status de uma língua estrangeira são constituídos no e pelo discurso. A partir da memória discursiva, que se apresenta permeada pela ideologia, os sujeitos significam o mundo por meio da linguagem ao mesmo tempo em que são interpretados por seus interlocutores. Assim, a abordagem de determinados temas selecionados pelos livros didáticos pode reforçar ou romper com sentidos que permeiam o imaginário dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Tendo por base os fundamentos da Análise de Discurso de linha francesa, em especial a noção de memória, este trabalho objetiva refletir sobre efeitos de sentido relacionados à América Latina em uma unidade sobre diversidade cultural, presente em um livro didático de Língua Espanhola aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático. Para tanto, em um primeiro momento, apresenta-se um panorama sobre o ensino de línguas estrangeiras segundo a perspectiva discursiva, contemplando, também, o que preconizam documentos norteadores do ensino no Brasil em relação à diversidade cultural dos povos de fala hispana. Por fim, num gesto interpretativo, são apresentados efeitos de sentido sobre a América Latina a partir da materialidade discursiva analisada, observando se houve a superação de uma prática de ensino na Língua Espanhola que, durante muito tempo, pareceu mover-se em uma só direção: da Europa para os demais países. Entende-se que a língua não é um instrumento dócil e manejável, mas uma materialidade em que são tecidos discursos, sujeitos e memórias, o que possibilita questionamentos em torno dos discursos mobilizados no processo de ensino-aprendizagem.
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