“Antes de dançar o Coco era como estar no mundo, mas não existir”: experiências dançantes de mulheres em contextos de políticas públicas culturais no Cariri Cearense
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1445Palavras-chave:
Dança do Coco, Experiências Dançantes, Políticas Públicas, Cariri.Resumo
Objetivamos investigar a experiência dançante de mulheres brincantes de Coco no Cariri cearense, em um contexto marcado por políticas públicas culturais, compreendendo a relação existente entre o Estado, organizações não governamentais e os saberes/fazeres populares. A dança do Coco é uma prática de origem afro-indígena encontrada no nordeste brasileiro, no Ceará destaca-se como dança de homens pescadores. Todavia, o espaço escolhido para estudo localiza-se no sertão, no qual esta dança é produzida, sobretudo, por mulheres agricultoras que assumem os papéis de dançadeiras e de mestras. Identificamos que estas mulheres se iniciaram na dança a partir de 1979, com o incentivo de políticas públicas culturais. Neste contexto foram formados grupos para dançar Coco, o que envolve uma espetacularização da dança, constituindo uma nova estética da brincadeira, marcada, por exemplo, pela inserção de um figurino próprio, fazendo-a migrar das comunidades rurais para os centros das cidades onde passaram a ser exibidas em palcos e praças. Apesar de este contexto deslocar territorialmente a dança e, também, promover novos significados e ritualizações em seu fazer, por meio de um jogo de poderes ocorre um processo de reinvenção dessas mulheres que passam a experimentar seus corpos e suas existências de uma outra forma, ressignificando o viver por intermédio do dançar. Assim, podemos produzir uma análise que compreenda as políticas culturais como mediadoras que, junto às experiências dos sujeitos, as suas subjetividades, promovem construções identitárias por meio de uma experimentação de fazeres poéticos.
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Referências
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