Do encantado da floresta ao fantástico da escola: cosmologia Ticuna e as árvores das crianças
DOI:
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1556Palavras-chave:
Decolonização do Currículo, Diversidade Cultural, Escola Pública, Lei 11.645/08, Povos OrigináriosResumo
Este texto é um relato de experiências vivenciadas em um trabalho realizado no ano de 2014, na EMEF Desembargador Amorim Lima, escola da rede municipal da cidade de São Paulo. O projeto “Árvores e outras plantas do Amorim” foi desenvolvido com crianças de 6 e 7 anos, como parte dos estudos da Festa da Cultura, que tinha como tema “Os Povos Originários do Brasil”. Em consonância com a Lei 11.645/08, que altera a LDB 9394/96, tendo em vista uma aprendizagem significativa, o cuidado fundamental na realização do trabalho era não reproduzir estereótipos conservadores, que generalizam saberes e fazeres de culturas diversas e historicamente homogeneizadas, como aqueles encontrados nos livros didáticos estruturados pela lógica ocidental moderna. Nesse sentido, os contos Ticuna de O Livro das Árvores, organizado pelos Professores Ticuna Bilingues do Amazonas, que apresenta a cosmologia da etnia, inspirou o projeto, cujo objeto era reconhecer as árvores da escola, componentes essenciais nas brincadeiras diárias das crianças, disparando, dessa forma, a construção de um percurso de aprendizagem que não separa a razão da emoção. Para isso, em diálogo com as relações afetivas estabelecidas entre as crianças e as árvores da escola, foram experienciadas práticas de observação, nomeação e criação do povo Ticuna, o que desencadeou estudos de etnobotânica em tupi, cartografias das árvores, desenhos de observação, produções oral, visual e escrita e, por fim, a composição de um livro registrando todo o processo de aprendizagem. A experiência permitiu conhecer a complexidade da cosmologia Ticuna, desconstruindo a ideia do colonizador, quando afirma que “índio é tudo igual”, ao mesmo tempo que promove a valorização do conhecimento que se estrutura a partir das vivências cotidianas das crianças.
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Referências
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